É
diferente. Antes mesmo dos primeiros raios solares despontarem no horizonte
para anunciar um novo dia, o céu é inundado pelas luzes multicoloridas dos
fogos de artifício.
Os
primeiros rojões são lançados pontualmente às quatro horas para despertar a
população para a missa das cinco. Assim começa o amanhecer em junho. Uma
saudação aos santos juninos Antônio, João e Pedro.
As
madrugadas nesse mês são consideradas frias para os cuiabanos. Para a missa dos
santos festeiros, as mulheres se vestem com blusas de mangas compridas e
casaquinhos. Os homens vão de paletó e, muitos de chapéu - para se protegerem
do sereno da madrugada.
Enquanto
os fiéis se preparam para a missa, fico na janela do meu quarto observando os
fogos de artifício e o movimento nas ruas.
Percebo
que os clarões dos fogos vêm dos mais longínquos bairros da cidade. No
quadrilátero onde moro só percebo o silêncio. Apartamentos com as suas luzes
apagadas e movimento de cães vadios pelas ruas.
É
a gente simples dos bairros periféricos que mantém viva a nossa cultura
religiosa. A fé nesses santos ficou quase que somente sob a guarda dos mais
humildes.
No
entanto, em período de eleições o perfil das missas da madrugada é alterado
pela presença das clientes da Daslu e dos candidatos a cargos eletivos.
O
comentário dos verdadeiros fiéis é que tudo que é forçado não dá certo e não
tem valor.
Esses
fiéis oportunistas fazem da fé um restaurante de rodízios. Frequentam festas religiosas
de todas as crenças. Talvez, na suposição de que irão se beneficiar do apoio de
seus deuses diversos. Esquecem que nosso Deus é um só, e que Ele dispensa esse
tipo de peregrinação.
O
sentimento religioso do cuiabano ainda permanece forte e inalterado, mesmo que
tenha como medida os clarões dos rojões nas madrugadas de junho.
Gabriel
Novis Neves
11-06-2012
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