Logo
quando iniciei o meu curso de medicina notei que saúde de qualidade tinha um
custo inacessível ao pobre, maioria da população brasileira.
O
investimento na produção de conhecimentos em saúde é alto, não contando com a
retaguarda física de equipamentos e espaços hospitalares, unidades de saúde e
policlínicas.
Nem
citarei recursos humanos qualificados, que consomem a maior parte da folha de
pagamento. Mesmo países ricos não suportam uma medicina de boa qualidade para
todos.
Sem
erro posso afirmar que nesses últimos cinquenta anos a medicina evoluiu muito,
especialmente nos seus exames complementares, possibilitando o diagnóstico de
doenças que sempre existiram, mas o seu diagnóstico era impossível de realizar.
Um
aparelho de imagem, que até há pouco tempo tinha um prazo de validade de cinco
anos, hoje é de um ano.
Nenhum
país do mundo tem condições econômicas de acompanhar esse ritmo das conquistas
tecnológicas no diagnóstico das doenças.
Isso
sem contar que todo esse moderníssimo arsenal estará totalmente obsoleto quando
pudermos utilizar os exames da gota do sangue para diagnóstico: o DNA.
Em
termos de pesquisa uma enormidade de doenças poderá ser detectada precocemente
e, em alguns casos, tratadas com sucesso ou minimizados a sua malignidade.
Enquanto
isso, vamos contentando-nos com os mamógrafos, tomógrafos, ressonâncias e o
controvertido PET scan, o tubo que detecta células malignas no nosso organismo.
Sempre
defendi a tese que a medicina de qualidade é cara. Os políticos, demagogos e
oportunistas, nunca aceitaram essa verdade para beneficiar os pobres, e
corneteavam esse seu equívoco apoiada pela mídia chapa branca.
O
problema, diziam com a frieza dos bárbaros, era de gestão e nunca da falta de
recursos. Ainda criminosamente tentaram jogar a população contra os médicos,
qualificando-os como mafiosos. O governo da botina instalou até uma delegacia
de polícia nas dependências da Secretaria de Saúde, quando o correto seria na
Secretaria da Fazenda.
Os
“estadistas” de tempo determinado pelos seus mandatos, sempre repetiram essa
falácia para a população pobre, jogando a não prioridade da saúde e parcos
recursos, nos ombros dos médicos.
Assisti
ao Programa do Ratinho quando ele entrevistou o ex-presidente da República após
a sua alta hospitalar, de um câncer de laringe tratado no Hospital Particular
Sírio-Libanês, em São Paulo.
O
paciente, que foi contra o imposto do cheque para que, no prazo de dez anos,
colocar a saúde pública em condições de cumprir a Constituição Brasileira
disse, na ocasião, que a saúde não precisava de maior soma de dinheiro, e sim,
de gestores competentes e menos ladrões.
O
imposto do cheque, como ficou conhecido esse recurso idealizado pelo Prof. Adib
Jatene para desenvolver o então SUS, foi vitorioso no Congresso graças ao
prestígio e idoneidade do nosso maior cirurgião de coração.
Quando
Jatene percebeu que os recursos do cheque estavam sendo desviados para projetos
políticos, pediu as contas e retornou para o centro cirúrgico em São Paulo.
Quis
o destino que o inimigo do imposto do cheque assumisse a Presidência da
República. Foi o maior protetor desse imposto não investido em saúde e
patrocinou o maior desmonte da saúde pública no Brasil. Deixou a saúde em
estado de calamidade pública em todo o Brasil.
O
ex-presidente lutou, e muito, para prorrogar indefinidamente o tal imposto
surrupiado para outros programas, como a compra de ambulâncias, e que deu rolo.
Ninguém foi punido, apenas os pacientes brasileiros.
Lula
disse ao Ratinho:
-
Se esta doença que tive, tivesse acontecido com uma pessoa pobre, com certeza
ela teria morrido. Os hospitais públicos não possuem os recursos do hospital em
que me tratei. O problema da saúde pública no Brasil não é de gestão, e sim, da
falta de recursos.
Desliguei
a TV e não consegui dormir com aquela confissão tardia para o povo brasileiro.
Gabriel
Novis Neves
03-06-2012
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