Levei
um susto danado ao consultar o calendário hoje. Não é que estamos no mês de
número seis?
É
no simpático junho que avançamos em alta velocidade em direção ao ponto de
chegada de todos nós. As festas diárias servem de combustível para que
apressemos mais os nossos passos.
Santo
Antônio, o casamenteiro, reina na primeira quinzena do mês. Logo chega o
animado e popular São João, com o seu repertório próprio de músicas – as
pioneiras sempre abrem os festejos.
O
São João concede um espaço de apenas um dia para a comemoração discreta de São
Pedro e São Paulo.
São
Pedro é o padroeiro da nossa família e, já na terceira geração, no dia 29 de
junho sai do oratório para a reza, reunião da família e chá com bolo. A sua
guarda é da minha irmã número oito, que ganhou esse troféu por sorteio após a
morte da nossa mãe.
Mas,
todos os anos um dos irmãos é o responsável pela festa. Este ano será a irmã
número cinco.
Entramos
julho com a festa mais tradicional de Cuiabá, que é a do São Benedito. Sua
procissão é o maior ato de fé cristã demonstrada pela gente de Cuiabá.
Depois,
um fato curioso acontece por aqui. Até o mês de outubro comemoramos festas
atrasadas de São João, sem a chatice de outras festas fora de hora.
O
roteiro da festa desses santos é de uma beleza ímpar na exteriorização da
religiosidade.
Hasteamento
do mastro do santo, decoração do local com bandeirolas, a construção da
cozinha, a banda de música dos militares e arrecadação do dinheiro para a
mega-festa.
As
voluntárias para o trabalho - tanto as de retaguarda quanto as de frente.
O
barulho da falação e dos intrometidos pequenos animais expulsos do campo de
trabalho.
Cuiabá
é uma cidade religiosa? Acredito que essas festas são uma das últimas tradições
de uma cidade sem memória.
Elas
saíram, inclusive, das casas dos festeiros para suportar os estímulos do
consumismo, perdendo o seu lado aconchegante para o lado espetáculo
quantitativo.
Passaremos
voando pelo mês dos santos, onde o comércio encaixou um dia de forte apelação
sobre o nosso Santo Antônio ao criar o Dia dos Namorados - para alavancar as
suas vendas e deixar mais distante a fé religiosa.
Incrível
que, em pleno século XXI, onde a mídia é dominada pelo desfile das vadias,
casamentos homoafetivos, violência contra a mulher e criança, o consumo sem
controle das drogas, onde universitários fazem papel de mulas.
Onde
o cenário político é dominado por falcatruas em todos os poderes, e o grande
projeto do Brasil no momento é melar o julgamento dos envolvidos no Mensalão no
Supremo Tribunal Federal (STF) e dizer “não” na CPMI (Comissão Parlamentar
Mista de Inquérito) do Cachoeira.
É
comovente verificar, então, que neste país ainda há gente de fé e que festeja
os seus santos pulando fogueira, olhando a sua sorte e dançando quadrilha da
roça, onde só dança gente honesta.
Gabriel
Novis
Neves
01-06/2012
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