terça-feira, 12 de junho de 2012

ESTAMOS PASSANDO


Levei um susto danado ao consultar o calendário hoje. Não é que estamos no mês de número seis?
É no simpático junho que avançamos em alta velocidade em direção ao ponto de chegada de todos nós. As festas diárias servem de combustível para que apressemos mais os nossos passos.
Santo Antônio, o casamenteiro, reina na primeira quinzena do mês. Logo chega o animado e popular São João, com o seu repertório próprio de músicas – as pioneiras sempre abrem os festejos.
O São João concede um espaço de apenas um dia para a comemoração discreta de São Pedro e São Paulo.
São Pedro é o padroeiro da nossa família e, já na terceira geração, no dia 29 de junho sai do oratório para a reza, reunião da família e chá com bolo. A sua guarda é da minha irmã número oito, que ganhou esse troféu por sorteio após a morte da nossa mãe.
Mas, todos os anos um dos irmãos é o responsável pela festa. Este ano será a irmã número cinco.
Entramos julho com a festa mais tradicional de Cuiabá, que é a do São Benedito. Sua procissão é o maior ato de fé cristã demonstrada pela gente de Cuiabá.
Depois, um fato curioso acontece por aqui. Até o mês de outubro comemoramos festas atrasadas de São João, sem a chatice de outras festas fora de hora.
O roteiro da festa desses santos é de uma beleza ímpar na exteriorização da religiosidade.
Hasteamento do mastro do santo, decoração do local com bandeirolas, a construção da cozinha, a banda de música dos militares e arrecadação do dinheiro para a mega-festa.
As voluntárias para o trabalho - tanto as de retaguarda quanto as de frente.
O barulho da falação e dos intrometidos pequenos animais expulsos do campo de trabalho.
Cuiabá é uma cidade religiosa? Acredito que essas festas são uma das últimas tradições de uma cidade sem memória.
Elas saíram, inclusive, das casas dos festeiros para suportar os estímulos do consumismo, perdendo o seu lado aconchegante para o lado espetáculo quantitativo.
Passaremos voando pelo mês dos santos, onde o comércio encaixou um dia de forte apelação sobre o nosso Santo Antônio ao criar o Dia dos Namorados - para alavancar as suas vendas e deixar mais distante a fé religiosa.
Incrível que, em pleno século XXI, onde a mídia é dominada pelo desfile das vadias, casamentos homoafetivos, violência contra a mulher e criança, o consumo sem controle das drogas, onde universitários fazem papel de mulas.
Onde o cenário político é dominado por falcatruas em todos os poderes, e o grande projeto do Brasil no momento é melar o julgamento dos envolvidos no Mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF) e dizer “não” na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do Cachoeira. 
É comovente verificar, então, que neste país ainda há gente de fé e que festeja os seus santos pulando fogueira, olhando a sua sorte e dançando quadrilha da roça, onde só dança gente honesta.

Gabriel Novis Neves            
 01-06/2012

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