quinta-feira, 14 de junho de 2012

CHUTE NO TRASEIRO


Meses atrás o secretário da FIFA, responsável pela Copa do Mundo no Brasil, concedeu uma entrevista, em francês, a jornalistas do mundo todo.
Na ocasião, demonstrou a sua preocupação com o atraso das obras no Brasil. Teria dito que alguém deveria dar um chute no traseiro dos políticos para acordar esta nação para o maior evento futebolístico do planeta Terra.
Quando a notícia chegou por aqui foi recebida como uma declaração de guerra aos brios nacionais. A pátria das chuteiras foi ofendida, assim como a honra nacional.
Montou-se, às pressas, um quartel general (QG) de resistência e defesa à nossa soberania.
A primeira medida tomada foi comunicar à FIFA que o Brasil exigia a demissão do seu secretário agressor.
As manifestações nas Casas do Povo pipocaram em todos os quadrantes. E a imprensa colocando fogo nas inexistentes obras do caderno de trabalho assinado pelo Brasil e a FIFA.
Da Suíça, a maior e mais poderosa multinacional do futebol, manda o chefe de gabinete do presidente da Federação Internacional de Futebol responder que não iria demitir ninguém e que a expressão “chute no traseiro” foi erro de tradução.
O ministro de Esportes do Brasil jurou que não reconhecia mais a autoridade do agressor da nossa honra e solicitou novo interlocutor para negociar os problemas da Copa no Brasil.
Resumindo: o presidente da FIFA veio ao Brasil - foi recebido em audiência especial pela presidente da República -, o secretário da FIFA continua o mesmo e as obras continuam bem atrasadinhas, exceções feitas para alguns campos de futebol.
A FIFA, em nota oficial com texto em português para que não houvesse confusão de tradução e novo mal estar diplomático, disse que, para essa Copa do Mundo de 2014, só iria necessitar do campo de futebol e estrada para levar os turistas até ele.
Recentemente uma comissão de senadores esteve por aqui inspecionando as obras da Copa. O porta voz disse à imprensa que as obras estruturantes e de mobilização urbana, as mais importantes para Cuiabá, um dia ficarão prontas e que o nosso compromisso não é com a FIFA, e sim, com as cidades sedes.
Não entendi nada, pois o torneio é da FIFA e, para ser realizado nas cidades, é assumido um compromisso.
Justificar a nossa incompetência com esse tipo de notícias esfarrapadas é outra coisa, e tem outro nome.
O maior legado que esta Copa irresponsável deixará para o Brasil será uma impagável dívida dos Estados e o abandono total do nosso interior.
Em outubro próximo poderemos treinar uns chutinhos no traseiro dos nossos políticos, para o grande embate eleitoral de 2014.

Gabriel Novis Neves
05-06-2012

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