Quem
caminha pelas ruas e avenidas de Cuiabá, logo percebe que os prédios mais
suntuosos são aqueles que abrigam os burocratas desta nação.
Foram
construídos com o dinheiro arrecadado dos muitos impostos do povo trabalhador -
lógico. A manutenção dos prédios também é feita com o dinheiro do contribuinte.
Estes
prédios estão espalhados por toda a cidade. Além, é claro, daquele conjunto de
instalações, algumas muito luxuosas, que ocupa uma enorme área nos arredores da
cidade, e que recebeu o nome de Centro Político e Administrativo (CPA).
O
único prédio nesse privilegiado complexo de edifícios que não vingou, e que
seria o principal para a população, é o do Hospital Central de Cuiabá.
Suas
obras estão paralisadas há um quarto de século. Às vezes, como agora, alguém
acende uma vela sinalizando que um milagre poderá transformar o esqueleto em um
corpulento prédio digno dos seus vizinhos.
A
vela deste santo ano de 2012 atente pelo nome de PPP (Parcerias Públicas
Privadas).
Mas,
logo ela se apagará. Nenhum dos nossos milionários empresários se interessou
pela parceria – afinal essa construção é obrigação do Estado.
Os
turistas “estrangeiros” é que gostam de fotografar os nossos imponentes prédios
públicos - após saber o preço dos mesmos.
No
meu quadrado de exercícios matinais, passo por alguns deles, e a atenção do
pedestre é sempre desviada para o cheiro de dinheiro que exalam, (dinheiro do
contribuinte).
A
moda agora é envelopá-los em verdadeiras caixas de blindex, exteriorização da
nossa riqueza. Até as calçadas são diferentes dos padrões da região. É sempre
bom um toque de arte no piso que antecede a entrada desses verdadeiros
palácios.
O
que é mais triste e revoltante é encontrar, ao lado dessas obras que dignificam
a nossa querida cidade, um enorme terreno público abandonado. Há anos que esse
terreno está entregue aos mosquitinhos da dengue – que construíram ali, uma
enorme fazenda para sua reprodução.
Nesse
terreno funcionava uma escola estadual do ensino básico. Foi demolida.
Para a população foi prometido que, em poucos meses seria construído outro
prédio – mais moderno e adequado para o ensino-aprendizado. Só que esses meses
se transformaram em anos – longos anos.
É
oportuno recordar que a ex-escola está agora instalada em um prédio alugado e
que o terreno baldio fica localizado na área mais nobre da cidade. Vale
ressaltar também que o valor financeiro do metro quadrado deste terreno é,
proporcionalmente, equivalente ao metro quadrado de Ipanema, no Rio de Janeiro.
Não
sou absolutamente contra a construção de prédios públicos que possuam uma
arquitetura bonita. Só que, para mim, o bonito não está necessariamente ligado
ao caro, suntuoso ou imponente.
O
chocante nesta história toda é verificar que, no entorno do terreno abandonado,
existe muitos investimentos caros em obras para repartições públicas.
Esse
terreno baldio, onde gerações de crianças aprenderam o bê-á-bá, e hoje
conseguiram a sua inclusão social, fica localizado em frente a um prédio de uma
secretaria estadual de vida limitada.
Com
o dinheiro aplicado nas intermináveis reformas pelo qual este prédio já passou
- inclusive com a instalação de um relógio que incomodou até a ESPN BRASIL, daria
para, tranquilamente, ter sido construída a escola nova prometida.
Que
é intrigante e constrangedor a locação de recursos financeiros para obras
públicas imponentes em detrimento das obras sociais necessárias e primordiais
para a população, lá isto é.
Um
esclarecimento não faria mal a ninguém. Ainda mais considerando as reformas
permanentes desses santuários burocráticos.
Gabriel
Novis Neves
16-02-2012
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