terça-feira, 27 de março de 2012

Apertar o cinto


O governo do Estado anunciou que está falido e o remédio da esperança é o tradicional “apertar o cinto”, encontrado em locais clandestinos de manipulação de milagres.
Apertar o cinto no linguajar político é fazer exatamente o que o político não sabe fazer: economizar dinheiro público.
O Estado confessou que no ano passado gastou mais de um bilhão de reais (preço da Arena Pantanal) sem cobertura financeira.
Para corrigir esse erro, que não foi nosso, promete para este ano tomar mais de quarenta medidas severíssimas para cobrir o rombo!
Todo mundo reconhece que o nosso ensino não é lá essa coisa e que o aprendizado de matemática é um problema cultural.
Na educação infantil as crianças já comentam sobre a dificuldade de entenderem matemática, e, mais tarde, escolhem um curso onde essa disciplina não é importante.
Voltemos à economia do cinto apertado em época de eleições e à surdez do governo federal com relação à liberação de recursos para o legado da Copa em Cuiabá.
Todo esse esforço prometido do governo é no sentido de atingir uma meta de corte de despesas de duzentos e cinquenta milhões por ano.
Isso significa apenas um quarto de economia, se a meta for alcançada, comparando com as despesas do ano anterior.
Chegaremos em 2013 com uma dívida não programada, sem respeitar a lei da responsabilidade fiscal, de um bilhão de 2011 mais setecentos e cinquenta milhões de 2012.
Sem contar o endividamento das obras da Copa.
Voltaremos a assistir a reprise do velho filme, O Calote.
Aliás, alguns setores essenciais como saúde, educação, segurança e estrada, já sentem o efeito calote.
Os funcionários não privilegiados do Estado, que descontam parte dos seus salários para um plano de saúde - o MTSAÚDE - estão sem atendimento médico, hospitalar e ambulatorial.
Outros funcionários da cúpula dos poderes possuem planos de saúde com direito a tratamento fora do Estado em hospitais da moda.
Motivo dessa tragédia? - (não encarada assim pelo governo): falta de pagamento aos prestadores de serviços.
O Centro de Reabilitação Dom Aquino Correa é um exemplo. Fechou há tempos as suas portas por força do cinto apertado.
Médicos estão em greve nos pólos mais importantes do Estado, antes de ser anunciado que os recursos seriam diminuídos.
O calendário escolar não está sendo respeitado na rede pública por falta de salas de aula, e vencimentos ridículos de seus mestres.
Para massificar uma frase de um ministro mato-grossense: até as pedras deste Estado sabem como fazer economia, sem castigar ainda mais os pobres.
Basta controlar os voos dos jatinhos oficiais, viagens inúteis, diárias perdidas e diminuir a taxa de zelo que, facilmente, ultrapassaremos o déficit de 2011.
Claro que para conseguir essa meta é necessária a colaboração da cúpula dos outros poderes.
Os pequenos funcionários que carregam a pesada máquina do governo e a população que paga impostos, e não vê retornos, sairão às ruas aplaudindo esse cinto para todos.
Não se esqueçam criadores do cinto apertado, que o exemplo tem que vir de cima, senão “não vai prestar”.

Gabriel Novis Neves
02-03-2012

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