O
governo federal, finalmente, assumiu o corte de R$ 55 bilhões no seu orçamento
deste ano. Só de emendas parlamentares, somam R$ 20,3 bilhões.
Essas
emendas são sempre bloqueadas no primeiro semestre do ano, para serem,
posteriormente, negociadas por matérias de interesse do executivo.
Sendo
este ano, um ano de eleições para as prefeituras, é fácil imaginar o balcão do
toma-lá-dá-cá para garantir os mais valiosos colégios eleitorais, tudo em nome
da democracia - que é a “melhor forma de governo para manter as coisas como
estão.”
Existe
um ritual para a liberação das emendas, baseado no dito popular que, dois
bicudos não se bicam.
Metade
desses recursos é liberada depois de declarado o apoio aos interesses do
governo e, a outra metade, após o resultado das eleições.
Resumindo:
com a vigência da lei da Responsabilidade Fiscal, nenhuma obra poderá ser
lançada antes do empenho total dos recursos prometidos.
Como
na política não existe compromissos de honra, e sim, de promessas, muitos
recursos continuarão bloqueados, aumentando o número de descrentes com a
política.
Recentemente
sentimos na própria carne, com o prematuro desenlace do PAC I e PAC II, a dor
de filhos perdidos por uma mãe.
O
que significa esse corte de R$ 55 bilhões no orçamento de ministérios
importantes para o desenvolvimento do Brasil? Segundo dados de Lu Aiko Otta da
Agência Estado-Brasília: Saúde e Educação perderam R$ 5.5 bilhões e R$ 1.9
bilhões, respectivamente, em valores aprovados no Congresso Nacional.
O
chato é ouvir da ministra do Planejamento, “que no caso da Saúde, trabalhamos
com o valor determinado pela Constituição e na Educação um pouco além.”
Para
um leitor distraído, parece até que a nossa Constituição foi respeitada e é
imexível.
Tramita
no Congresso Nacional, em regime de super urgência, um verdadeiro pisotear da
FIFA em cima da nossa Carta Magna.
Uma
organização multinacional com fins lucrativos, para trazer times de futebol
para jogar aqui, exigiu e foi atendida no seu intento de alterar a nossa
Constituição.
Alterar
a nossa Constituição para o felizardo torcedor beber cerveja, pode. Destinar
maiores recursos para a Saúde e Educação é anticonstitucional.
Desconfio
que isso seja fazer o povo de besta, chamá-lo de ignorante e imbecil.
O
próprio governo desconhece que alguns fugitivos da escola pública aprenderam,
pelo menos, a fazer interpretação de textos.
Tem
mais: com relação ao corte de R$ 55 bilhões no orçamento federal, desaparecerão
R$ 35 bilhões para investimentos, e mais algumas coisinhas que farão falta na
qualidade de vida do brasileiro.
Algumas
obras importantes que dependem de emendas parlamentares - como a construção do
Hospital Universitário da Estrada de Santo Antônio - ficarão aguardando um
toma-lá-dá-cá para o seu prosseguimento.
É
muito chato constatar a que ponto nós chegamos - que não foi inventada pelo
governo atual, mas não há sinais de mudanças.
Gabriel
Novis Neves
16-02-2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.