Tenho
orgulho dos meus ex-alunos. Hoje, em plena maturidade, estão exercendo suas
atividades como cidadãos úteis e transformadores da sociedade – função para
qual foram arduamente preparados.
A
maioria exerce suas atividades em consultórios, na área do ensino e na
desmotivadora rede pública de saúde. Poucos se colocam na linha de frente desta
verdadeira guerra social - ao dirigir associações de classe, conselhos e
sindicatos.
Atualmente,
preside o Sindicato dos Médicos de Mato-Grosso, com raro brilhantismo, a
doutora Elza Luiz de Queiroz.
Ela
está, mais uma vez, provando que tamanho não é documento e que, para ser
presidente de sindicato, não precisa usar barba, bigode, beber cachaça, ser
homem e não trabalhar na profissão, vivendo de maracutaias.
Elzinha,
como é chamada pelos colegas devido ao seu aspecto físico, aparentemente
frágil, está demonstrando ser uma leoa na defesa dos interesses da saúde
pública, dos médicos e, principalmente, dos milhões de usuários do SUS.
Corajosa,
compromissada com as mudanças sociais, defende, com toda a sua força de mulher
guerreira, uma saúde pública de qualidade, seriamente ameaçada de desmonte pelo
governo.
Em
recente entrevista, denunciou o abandono dos serviços de saúde no Estado.
Disse
simplesmente a verdade, não revelou nada que “as pedras deste imenso território
não soubessem”.
Mas
as pedras não falam, e as que falam parecem que se cansaram. Nossa gente teme
exercer a sua cidadania em um “Estado Curral”, no dizer de um antigo ministro
da Educação.
Vivemos
sob ameaça de represálias ao jogo de ideias. Muitos precisam sobreviver e, para
isso, vivem as circunstâncias do silêncio.
Aqueles
que criticam ou ponderam são inimigos e castigados dentro da lei - que diz no
seu artigo do capítulo da subserviência: “Quem sai na chuva vai se molhar”.
A
nossa presidente do sindicato afirmou, sobre a presença de maquiadores do poder
ao declarar que a deficiência de leitos do SUS, no Estado da Copa, está em
torno de dez mil leitos.
O
Programa Saúde da Família (PSF) em Cuiabá, sendo otimista, atinge, sem
resolutividade, cinquenta por cento da população do SUS.
No
interior a situação é bem pior, diz a presidente.
O
orçamento para a saúde pública vem da União e deveria ser complementado pelo
Estado e Municípios, o que não vem sendo feito por aqui de forma geral.
O
trabalho dos médicos também está precário, e o sindicato é contra a
privatização da área.
Há
uma tremenda distorção do emprego de recursos públicos na saúde.
O
Hospital Metropolitano de Várzea Grande é administrado por uma Organização
Social de Saúde (OSS). Esse hospital não atende casos de alta complexidade.
Apenas média e baixa, e funciona com setenta leitos.
O
Pronto Socorro de Várzea Grande atende a população, desde a função básica até a
alta complexidade. Além das urgências e emergências, não só do município, mas
de todo o Estado, e funciona com duzentos e vinte leitos.
O
orçamento do Hospital Metropolitano (70 leitos) é três vezes maior que o Pronto
Socorro de Várzea Grande (mais de 220 leitos).
Dá
para entender?
Em
recente pesquisa feita pelo Ministério da Saúde, e amplamente divulgada pela
mídia nacional - e por causa da Copa em Cuiabá -, a nossa situação não é nada
confortável, aliás, é humilhante.
O
pior é que este problema contaminou a rede de saúde privada e os planos de
saúde, como o MT Saúde que, por falta de pagamento aos prestadores de serviços,
deixou cerca de cinquenta e cinco mil servidores estaduais e dependentes sem
assistência médica, hospitalar, laboratorial e serviços auxiliares.
Finalizando
a entrevista a nossa equilibrada e correta presidente afirmou:
“O
processo de privatização da saúde pública facilita até a corrupção.”
Gabriel
Novis Neves
12-03-2012
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