Fiz
uma rápida viagem para São Paulo. Ouço sempre falar que qualquer viagem, por
pequena que seja, ajuda a combater o estresse. Para mim a terapêutica não
funcionou, muito pelo contrário, fiquei estressadíssimo.
O
estresse começou na ida para o aeroporto. Duas horas antes do horário marcado
para o embarque, eu já estava pronto. Mas, vida de caronista não é fácil. Eu
era este caronista.
Olhava
angustiado as horas se passando, e nada da minha acompanhante e seu motorista
chegarem. Por fim chegaram – bem em cima da hora. Fomos para o aeroporto,
literalmente, voando.
Trânsito
engarrafado – claro! Hora do pico. Pior horário para se trafegar por essas
avenidas e ruas estreitas. Dentro do carro só ficava escutando os comandos
angustiados da minha acompanhante ao motorista: “vai, vai, vai!” – “corta,
corta, corta!” – fura, fura, fura!” – “avança, avança, avança!”
Eu,
em silêncio só de olho no relógio. A hora da decolagem do avião vencendo. E o
estresse subindo!
Nessas
horas o melhor mesmo é o silêncio e a aparente calma, com os dedos da mão
direita na artéria radial do braço esquerdo.
Finalmente,
chegamos. O alto falante da empresa de aviação anunciava a última chamada para
o embarque. Fizemos o chek in rapidinho. Sorte que só portávamos
bagagem de mão.
Ao
passar pela detecção de metais da Polícia Federal, aquele bendito alarme
soou. Sou obrigado a abrir a maletinha de mão, pois o raio-X detectou um
instrumento metálico que lembrava uma bomba de mão. Mas era, tão somente, a minha
latinha de creme de barbear. Liberado, entrei no avião. Fui o último passageiro
a entrar, apesar de, com certeza, ter sido o primeiro a ficar pronto para a
viagem.
Nem
acreditei quando, enfim, sentei na minha poltrona. O estresse, a mil por hora.
Logo eu, que procuro fazer tudo com calma e com margem de tempo suficiente para
evitar a correria do atraso.
Antes,
e nos primeiros minutos de voo, o calor na aeronave era insuportável. Aos
poucos o calor foi se transformando em um frio indesejável, provocando tosse
alérgica em crianças e idosos.
Faltando
quinze minutos para o pouso, entramos em uma pequena turbulência. Ordem para
afivelar os cintos apareceu no comando eletrônico. Bem nesta hora senti vontade
de ir ao banheiro. Fui.
Quando
me aproximava do banheiro uma comissária – gentilmente – aconselhou-me a
retornar para minha poltrona e obedecer o sinal de afivelar o cinto.
Disse-lhe
que, infelizmente não poderia atendê-la, minha necessidade era premente, não
tinha alternativa. Ela, após alertar-me do perigo do meu procedimento, me
liberou a passagem. Agradeci e, graças ao preparo físico adquirido com meus
exercícios físicos diários, consegui fazer com perfeição manobras de
contorcionista.
Retorno
à minha poltrona e fico observando a beleza do azul acima das nuvens
acinzentadas. As turbinas desaceleram e o momento agora é de furar as nuvens e
visualizar a cidade.
Leve
trepidação e o trem de pouso do Foker holandês é descido.
Nesse
instante, não sei porque, me lembrei dos “Mamonas” - conjunto musical cujo avião
se chocou com um dos morros que vejo pela janelinha do avião. Afasto este
pensamento.
Pouso
perfeito. Desembarque no ônibus e saída rápida do aeroporto, pois a bagagem era
de mão.
Táxi
para continuação de outra viagem intermunicipal em trânsito caótico. Outro
estresse.
Chegamos
ao quarto do hotel, sãos e salvos. O coração a mil por hora. Certifiquei-me
que, viagem, definitivamente, não é remédio para cura do estresse.
Gabriel
Novis Neves
02-03-2012
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