Tenho
um amigo que é corintiano roxo. Todas às vezes que o seu time vence,
imediatamente recebo dele um email com os seguintes dizeres: “depressão
profunda.”
Vou
ao texto da matéria e encontro apenas anotado o resultado do jogo.
Depressão
profunda, nesse caso, quer dizer: alegria, contentamento, satisfação,
felicidade e, lógico, uma forte ironia.
A
ironia é uma forma de comunicação, geralmente instrumento de gente inteligente.
Não é ofensiva, somente irritante para quem a ironia é dirigida.
O
remédio para enfrentar essas situações com alto astral é não se esquecer que o
bom cabrito não berra.
Acabei
de ler a entrevista do novo presidente do tribunal de Justiça de São Paulo na
revista Veja.
Entrei
em depressão profunda - não no sentido irônico do meu amigo - por ver
dissecado, por uma autoridade, o que é o Brasil.
A
matéria deixa transparecer a sua idolatria pelos felizardos brasileiros de
primeira classe, minoria neste país. Vivemos em uma nação produtora de
milionários felizardos, muitos por causas desconhecidas.
Enquanto
isso, o trabalhador brasileiro - que sustenta com o seu esforço as castas do
poder e ainda dá um duro tremendo para sobreviver:
-
sai de casa de madrugada para trabalhar,
-
enfrenta uma viagem de trem feito sardinha, bate ponto, descansa após o almoço
em horário determinado pelo ministério do Trabalho no chão da obra,
-
tem direito apenas a um período de férias por ano, cujo salário é determinado
pelo governo federal, e aprovado pelo submisso Congresso Nacional.
Então,
quando eu leio a dita entrevista, aí, nesse momento vem a depressão profunda,
verdadeira e revoltante.
É
declarado na entrevista o salário cheio de algumas categorias funcionais, sendo
todas legais; adiantamento de vencimentos para compra de apartamentos, auxílios
de fazer inveja às entidades filantrópicas, e duas férias anuais, sendo uma
sempre vendida, por necessidade de serviço.
Longe
de eu pensar que o novo presidente do Tribunal de Justiça não tem razão ou está
na ilegalidade.
Conceitos
emitidos na matéria é que não acho justo, para com a maioria dos brasileiros
responsáveis por todos esses pagamentos.
O
juiz não pode fumar maconha, disse o presidente do tribunal. Correto. O médico
pode fumar?
Comparado
o salário total de um magistrado de São Paulo, é pouco comparado com os
salários da iniciativa privada, justifica o presidente do Tribunal.
Correto.
Na
empresa privada, trabalha-se muito, há necessidade de qualificação e
resultados. Do contrário, o executivo, mesmo com currículo fantástico, é
demitido ou a empresa vai à falência.
No
serviço público, tanto fez quanto tanto faz. No final do mês o holerite chega
no dia combinado.
Viver
em um país com tantas desigualdades sociais, onde a maioria dos Estados e
Municípios está quebrada financeiramente; com salário de um professor do ensino
fundamental em alguns Estados, corresponder à metade do salário mínimo;
servidores públicos menos útil ao Brasil com salários oficiais de 600 mil reais
- dá uma depressão profunda.
Gabriel
Novis Neves
09-02-2012
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