Lia
um artigo em um jornal local e, diante da ampla e correta matéria, veio-me a
lembrança que a “Mentira tem pernas curtas.” Nada mais moderno e sintético para
qualificar o descaso do governo com relação aos transplantes renais em Mato
Grosso.
Há
alguns anos, na troca do poder estadual, um apressado adulador espalhou pela
cidade aquele que seria o slogan do novo governo: “Mato Grosso agora tem
governo de verdade.”
Era
uma crítica ao governo anterior. Na visão dos temporários novos homens do
poder, aquele foi um governo de promessas – chamadas de mentiras.
O
núcleo duro deste novo governo mandou, imediatamente, retirar das ruas todo o
comprometedor slogan, e, após algumas semanas, surgiu o definitivo que nem me
lembro qual era. Todos os governos são como farinha do mesmo saco, dentro
dos padrões habituais com as suas variáveis.
Recentemente,
elegemos um governo que dizia que vinha “para quebrar paradigmas.” Tudo não
passou de “fogo de palha.”
O
jornal informa: “Transplantes de rim não são feitos há 2 anos e meio.” Quem não
vive a saúde tinha outra impressão com relação, não só aos transplantes de rim,
mas também como os de osso, de medula óssea e de córnea.
Há
mais ou menos 20 anos, foi realizado o primeiro transplante de rim no
ex-Hospital Geral de Cuiabá.
Transplante
renal foi realizado também nos hospitais Santa Rosa e Santa Helena. Apesar de
todas as dificuldades, chegou-se a fazer 30 transplantes de rim em Cuiabá.
O
governo das inovações fechou dois serviços de cirurgia renal, e resolveu
patrocinar, com recursos públicos, um centro moderno em hospital universitário
privado para atender a capital, o Estado e os nossos vizinhos bolivianos.
Obras
físicas foram realizadas e enormes placas marcaram essa conquista, onde, “há 2
anos e meio não são feitos transplantes de rim.”
Recursos
públicos e privados foram investidos no banco de ossos, para futuros enxertos.
Além da placa de inauguração do banco e do dinheiro gasto pela iniciativa
privada estimulada pelo governo, não tenho notícia de nada mais.
O
único serviço que funciona de verdade na área dos transplantes, é o da córnea,
realizada em hospital privado em convênio com o SUS e amparado financeiramente
com recursos de organizações internacionais.
No
mesmo jornal, um subtítulo com o democrático título, “outro lado.” O governo,
depois das portas arrombadas e da cobrança da imprensa, explica que: “em julho
deste ano está previsto a inauguração do Hospital das Clínicas, onde uma
unidade de saúde vai realizar transplantes de rim e medula óssea.”
Quem
vai tocar esse serviço será uma Organização Social de Saúde. A expectativa da
secretaria de Saúde será realizar, por mês, 17 transplantes de rim e 13 de
medula óssea.
O
hospital das Clínicas está fechado há mais de 10 anos. A sua recuperação é
totalmente possível no tempo anunciado, desde que as obras sejam iniciadas -
até agora nada foi feito. É necessário também que não ocorra falta de recursos
para as obras físicas e para a montagem de laboratórios. Além, é claro, de um
corpo clínico habilitado.
A
ANVISA é extremamente rigorosa na concessão de alvará para funcionamento de
hospitais de alta complexidade, especialmente com o credenciamento dos
integrantes das equipes de transplante.
Seria
importante para a população do nosso Estado o acompanhamento dessa obra pelos
veículos de comunicação.
Afinal,
na fila de transplante de rim, oficialmente, existem cerca de 250 pacientes de
hemodiálise, que só é oferecida em Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, Tangará
da Serra, Sinop e Barra do Garças.
O
pior, é que dizem que o governo não tem dinheiro.
Mentira,
realmente, tem pernas curtas.
Gabriel
Novis Neves
07-03-2012
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