Foram
necessários dez anos para que o povo mato-grossense entendesse o significado -
surgido como novidade por aqui - da “quebra de paradigmas" em política.
Estávamos
acostumados com lorotas do tipo: cinquenta anos em cinco, a vassoura, caçador
de marajás, governo já, carta aos brasileiros, tudo pelo social. E tantas e
tantas outras anedotas, que essa quebra de paradigmas soou como a queda do muro
de Berlim.
Ledo
engano. O longo mandato restaurou privilégios, tudo era negociado e, no mais, o
governo transcorreu na “mais perfeita harmonia e paz”.
Final
triste desse período, quando os ratos, como sempre, abandonam o navio prestes a
perder o poder.
Digo
até, melancólico, com o aparecimento dos primeiros escândalos do novo modelo de
governar com as palmas das mãos.
Não
houve legado e ninguém hoje tem coragem de falar em quebra de paradigmas. Virou
maldição. Coisa feia! Coisa que não se faz, e não deve ser repetida.
Mas,
tudo ficou em casa, mesmo com posições difíceis de serem explicadas. Deixa pra
lá, tudo passou, diziam-se nas esquinas.
Quebra
de paradigmas ficou sem tradução oficial, embora os estudiosos e pesquisadores
tivessem números convincentes e explicações aceitáveis.
Toda
a mídia nacional comenta hoje o rompimento de um pequeno partido de sete
senadores que pertencia à base de sustentação do governo.
O
jornalista Merval Pereira, do jornal O Globo e do canal pago GloboNews, diz que
o motivo do rompimento é que esse partido queria uma “boquinha” no governo.
“Boquinha”,
no linguajar político, significa emprego para a curriola do político, incluindo nesse pacote os indispensáveis
“laranjas”.
Esse
pessoal da “boquinha” não está nem um pouco interessado em discutir soluções
para os graves e urgentes problemas nacionais.
O
ministério desse partido dos sete senadores foi o único a ser totalmente
varrido pela presidente.
Os
outros ministros, pelos mesmos motivos, “pediam” para sair. Recebiam
elogios na despedida, e um companheiro do mesmo partido assumia a sua função.
Ficou
mal perante a opinião pública essa “discriminação,” repercutindo como falta
gravíssima cometida por essa gente.
Os
jornalistas políticos que fazem cobertura do Senado Federal e da Presidência da
República, afirmam que o líder do grupo dos sete foi várias vezes ao planalto
“negociar” a “boquinha” no governo.
A
palavra “negociar” chamou a atenção, pois em política, apesar de tudo ser
negociado, especialmente as suplências de senadores, ninguém fala. Quem já foi
suplente sabe como é.
O
eleitor diz que aí tem.
Comentam
que a política é um imenso balcão de negócios, onde tudo tem um preço. Então é
melhor jogar os escrúpulos fora e falar a linguagem da “boquinha”, que é
negociar em benefício próprio, e que se danem os pobres.
Na
entrada para a política todos alegam ter uma profissão. Bastou entrar nela e,
com raríssimas exceções, só encontramos empresários de sucesso.
Esse
milagre existe em todo o país e nos diferentes níveis de poder.
O
empresário faz o que sabe: negociar - que tanto espantou os jornalistas.
Mato
Grosso está mal na fotografia, e agora no Jornal Nacional. A declaração de
rompimento dos sete com o governo fica na dependência de uma “boquinha”.
Que
saia justa vestiu o porta voz do grupo!
Se
voltar, como todos esperam, à base de sustentação do governo, é por que todos
estão com a boca cheia de benefícios pessoais.
Será
difícil depois de todo esse rolo justificar que o retorno ao governo foi
motivado pela crise internacional.
A
situação do partido que perdeu a “boquinha” nos transportes é a seguinte: “Se
ficar o bicho come e se correr o bicho pega.”
Que
situação! “Boquinha” faz bem, mas causa mal à biografia.
Gabriel
Novis Neves
15-03-2012
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