Nada
melhor para combater certas euforias do que a leitura de textos escritos por economistas
famosos.
A
medicina poderia muito bem utilizá-los para o tratamento da doença da moda - a
bipolaridade.
As
pessoas portadoras dessa doença apresentam momentos de tristeza, alternados com
euforia incontrolável.
Ler
matéria sobre economia é, como dizia a minha mãe: “É jogar água fria na
fervura.” O governo brasileiro nos faz acreditar que vivemos em um país de céu
de brigadeiro. Inteirinho azul, sem nenhuma nuvem.
Há
um desastre econômico derretendo economias bem protegidas de países europeus,
cuja moeda é o euro.
Dizem
que os países contaminados pela crise se fizerem o dever de casa como mandam os
seus tutores, é possível que, daqui a dez anos, estejam recuperados.
A
economia americana passa também por momentos de ajustes, com o povo nas ruas
reclamando maior atenção do governo.
Por
aqui a grande preocupação é com as obras da Copa do Mundo e com as demissões, a
pedido, de ministros.
Nossa
economia está bem blindada com os juros altíssimos, a sangria da previdência e
a corrupção bem organizada.
Encontrei
na mesa do meu escritório um artigo escrito pelo Gustavo Franco, que foi
presidente do Banco Central entre 1996 e 1999.
Fiquei
pasmo com o que li. Não é meu desejo aborrecer ninguém nesta época de festejos.
Como tenho poucos leitores, compartilharei com eles as minhas preocupações
econômicas.
Tenho
ou não razão de ficar preocupado, quando um economista do nível acadêmico do
Gustavo Franco afirma, categoricamente, que o Brasil é igual à Grécia.
Gente!
O quebra-quebra na zona do euro teve o seu início exatamente na Grécia, onde o
povo saiu às ruas e derrubou o seu primeiro-ministro, e até hoje o governo não
encontrou o caminho para sair da crise.
Falar
que o Brasil é a Grécia, para um leigo, parece revanchismo político com fundo
terrorista. O efeito Grécia se alastrou pela Europa, pegando Portugal, Espanha,
ameaçando a França, Itália e países nórdicos.
A
sólida Alemanha não está disposta a sustentar a Europa. Cobrado para explicar a
frase de efeito, Gustavo Franco disse: “O governo grego paga juros baixos e tem
problemas para rolar a sua dívida pública. Já o governo brasileiro rola a sua
dívida com facilidade, pois paga juros exorbitantes. Como os gregos, nós temos
uma situação fiscal ruim, um orçamento elaborado de maneira corrupta e
desequilíbrios sérios nas contas públicas”.
Cláudio
Gradilone afirma que Franco não faz ironia quando afirma que o Brasil é igual à
Grécia. “As metas para o superávit primário só foram cumpridas pelo uso de
malabarismos pela Fazenda. A previdência Social continua drenando os recursos
do Tesouro. A carga tributária passou dos limites e a gestão pública não tem
qualidade. Brasília teria tantos problemas quanto Atenas para vender os seus
títulos no mercado financeiro”.
A
notícia não é agradável, mas é o que dizem os economistas.
Gabriel Novis Neves
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