quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

TAMANHO NÃO É DOCUMENTO

O surrado ditado que diz que tamanho não é documento, encaixa-se muito bem naquilo que irei escrever.

Uma página de jornal, muitas vezes, traz mais informações, e muito mais importantes, do que as contidas em pesados livros. Estou na página 9 do jornal A Gazeta, de 19 de novembro de 2011.

Vejam que riqueza de notícias:

- Dilma sanciona a Comissão da Verdade e de Acesso à Informação. A solenidade ocorreu no Palácio do Planalto e teve a participação das três Forças Armadas. Em vários momentos da fala da presidente, os militares não aplaudiram o discurso.

- Uma ausência chamou a atenção. Foi a do presidente do Senado, homem forte dos governos militares e chefe do partido deles - a Arena. Falta de tempo não foi. Ele sempre foi contra esse projeto juntamente com o Collor.

- Esta semana, o ancião cacique político e morador do Estado de menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), assistiu à posse do médico do Planalto, como Professor da USP, que é uma universidade pública Estadual. A presidente também compareceu à cerimônia acadêmica.

- Durante o período de exceção houve guerrilhas e ações armadas neste país. Muitos inocentes perderam as suas vidas e, muitos que hoje estão no poder participaram da louca luta armada que só serviu à elite sobrevivente, pois recebeu polpudas indenizações e aposentadorias de marajás.

- Finda a luta armada, outra luta com maior número de mortes aconteceu. Foi o assalto aos cofres públicos, a corrupção desenfreada, o surgimento da era “Eu não sabia de nada,” da impunidade, e as revelações do Deputado Roberto Jeferson, que provocou a blindagem do presidente da época.

- No acerto, ficou combinado que o jogo terminaria em 1X1, com o dono da bola no poder. A História da Verdade passou a ser escrita por gente simples: motoristas, caseiros e agora soldados. Abafada por gente importante.

- Ninguém no governo quer saber como funcionava o propinoduto mineiro, o caixa dois das campanhas eleitorais, o lucro excessivo dos banqueiros e a evolução patrimonial da maioria dos nossos políticos.

- O ex-Diretor Geral do Dnit está louco para falar, mas isso é um assunto que não interessa à Verdade. Manda sempre recadinhos que, para bom entendedor basta: “Fiz o que pude e o que não pude para eleger a presidente, e ela sabe disso.”

Continuando na folha do jornal, fico sabendo que, apesar das mentiras, o ministro do Trabalho não será degolado agora. Seria um sinal de fraqueza da presidente ante mais uma denúncia da Veja.

- Como amenidades: o aparecimento do ex-governador do Ceará duas vezes derrotado nas eleições presidenciais, dizendo-se preparado para enfrentar, pela terceira vez, a eleição para o nº1 deste país.

- Como notícia local: o secretário predileto do governador informa à empresa Global sobre o fim do contrato da compra dos jipes da Rússia. O ressarcimento do cheque caução está com a Procuradoria Geral do Estado. Nesses próximos anos teremos a conclusão dessa rumorosa compra russa.

- O secretário da secretaria da Sem Copa, como o cuiabano chama essa instituição de confusões, explicou a retirada do relógio da Copa - que diziam ser uma determinação da FIFA para as cidades sedes.

Finalizando a rica página de jornal:

- O senador da Igreja Universal do Rio de Janeiro conseguiu passaporte diplomático para os pastores do Brasil.

Ufa! Que riqueza de página. Tamanho realmente não é documento!

Gabriel Novis Neves

19-11-2011

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