terça-feira, 2 de agosto de 2011

Idolatria maléfica

Quando jovens artistas, ídolos mundiais, morrem de overdose, o “sucesso” da sua morte nos meios de comunicação pode se transformar em um estímulo a milhões de outros jovens ao consumo das drogas.

O excesso de programas especiais com relação à recente tragédia envolvendo uma famosa e jovem cantora, pode causar um impacto tão grande, especialmente nos adolescentes, a tal ponto que corremos o risco de vê-los preferirem ser famosos mortos a anônimos cidadãos.

É a vulgarização da idolatria!

O jovem que morre vítima da sua própria tragédia, será sempre lembrado como jovem. Nunca como um velho ou velha gagá.

Os exemplos são abundantes em todas as áreas de atividades.

Um ídolo artístico causa compaixão quando avança muito no tempo da vida terrestre.

Nunca assisti a uma novela, não sei o porquê. Lembro-me da época das “Pupilas do Senhor Reitor”. A audiência era maciça.

Até o velho Bugre não perdia um capítulo, sentado na sua cadeira de balanço. Passei muitas dificuldades nesse horário para encontrar um anestesista e auxiliar para algum atendimento de emergência.

Tivemos a velhinha do rock um dia desses na Chapada cantando no Festival do Inverno. Que tristeza aquela figura confusa! Todos se lembraram da Elis Regina, naquela noite friorenta. As duas artistas talentosas foram usuárias de drogas. Uma morreu jovem, e se imortalizou.

Às vezes um entendido de novelas me alerta: “Corre para ver fulana de tal. Foi uma das atrizes mais bonitas do Brasil, e veja agora o que tempo fez com ela.”

É a idolatria da juventude eterna.

Ninguém quer mais envelhecer.

A artista mais sexy americana de todos os tempos, a rainha dos calendários de borracharia, é um mito de saias brancas esvoaçantes.

A nossa Carmem Miranda também morreu de drogas, para entrar na eternidade com todos os seus balangandãs.

A lista é enorme de jovens que, assassinados pelas drogas, são transformados em heróis mundiais.

Na política também temos exemplos recentes de mortes de jovens líderes, e a longevidade de outros, produzindo o contraste.

“Che” Guevara será sempre lembrado como um jovem revolucionário bonitão. Um herói da humanidade.

Seu sócio Fidel é um velho decadente que iludiu o seu povo levando-o à miséria, e que, doente, passou democraticamente o seu governo ao irmão Raúl.

Também será lembrado como o ditador de maior mandato na história mundial. Atualmente é confidente de caudilhos sul-americanos, vivendo de doações generosas. Logo será esquecido. Pela maioria dos artistas e militantes políticos, já foi.

Os jovens gostam e admiram a história do Che.

Morreu jovem e será sempre o jovem revolucionário rebelde.

A publicidade, quando da morte de um ídolo jovem, cria também, indiretamente, a idolatria pelas drogas, produtora das mortes prematuras.

Coincidentemente, vem aumentando no mundo o consumo de drogas, sendo os jovens as maiores vítimas.

Quando há uma morte que produz comoção, além do aumento do uso das drogas, há uma reação em cadeia, daqueles que procuram a morte por absoluta falta de opções por um futuro.

É a indústria do sucesso precoce, de preço elevado.

Lamento sempre a morte, especialmente a de jovens vítimas das drogas.

Compartilhar com a propaganda subliminar às drogas, nunca!

Gabriel Novis Neves

25-07-2011

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