quarta-feira, 3 de agosto de 2011

JOÃO GERMANO

As coisas por estas bandas andam tão confusas, que já tem gente contratando personal anticonfusão para viver, ou tentar sobreviver.

Cuiabá é presença obrigatória, não só no noticiário regional, mas também no nacional. As grandes redes de televisão, jornais, rádios e internet, comentam e mostram imagens sobre o tratamento médico que o governo dispensa aos seus pacientes.

O evento programado para Cuiabá em 2014 é mundial, e interessa muito aos países e torcedores que virão acompanhar dois ou três jogos, sorteados para cá. É importante para eles conhecer a cidade que os hospedarão, especialmente sobre as condições dos seus serviços médicos.

Com essas imagens dos nossos hospitais correndo o mundo, acho difícil alguém vir de livre e espontânea vontade fazer turismo por aqui.

Fontes fidedignas até admitem que essa campanha esteja sendo orquestrada pela FIFA, para diminuir de doze para oito as sub-sedes. É o que dizem.

Estou totalmente afastado do poder, mas não perdi os meus principais órgãos sensitivos, que estão funcionando muito bem.

Continuo enxergando, ouvindo, e não perdi a razão.

Assisti nos últimos dias a um vídeo em que um dos diretores do canal de televisão especializado em esportes - ESPN - comentava a situação da saúde de Cuiabá.

Tinha toda a razão o Trajano na sua revolta.

Não dá para entender como uma cidade de 292 anos permitiu que a situação da saúde chegasse ao ponto em que chegou. Enquanto o povo sacrificado morre pelo chão do nosso Pronto Socorro, os nossos dirigentes estão construindo, sem nenhuma economia, a monstruosa e caríssima Arena Pantanal.

O pior é que após os jogos da Copa, será transformada em mais um elefante branco. Futebol que é bom, há anos não se pratica por aqui. Não possuímos nenhum time participando do campeonato brasileiro, na primeira ou segunda divisões.

Qualquer trabalhador em saúde sabe que o tempo útil de vida dos equipamentos de um hospital é, no máximo, de cinco anos. A sua estrutura física - de quinze anos.

O nosso hospital Pronto-Socorro, nos últimos trinta anos, recebeu pequenas reformas, adaptações e puxadinhos provisórios, na sua vencida estrutura física.

Idem com relação aos equipamentos. O agravante foi o número excessivo de pacientes que recebe, pois é um hospital de portas abertas.

Cinquenta e quatro por cento dos pacientes que estão pelo chão do Pronto Socorro são do interior do Estado, onde saúde só é discutida em época de eleições.

O Estádio de Futebol, contemporâneo do Pronto Socorro, foi implodido para a construção de um novo e moderno, não importando os custos.

O único hospital de urgência e emergência que atende todo o Estado com os seus serviços de alta complexidade mereceu dos nossos governantes migalhas de recursos, para frágeis puxadinhos e placas de re-reinaugurações.

É triste, mas é verdade - perdemos a nossa dignidade perante o mundo. Reverter essa situação, com a simples troca de gestão para uma Organização Social de Saúde (OSS), é o atestado de incompetência do governo, e a transferência de uma obrigação que, constitucionalmente, é do Estado.

Os governos Federal, Estadual e Municipal reconheceram que foram os maiores culpados por essa calamidade da saúde, ao insistir no pagamento, durante anos, de uma mísera tabela do SUS, aos procedimentos médico-hospitalares.

Agora que a vaca foi para o brejo, o mesmo governo estadual ex-durão, oferece às OSS o valor de três tabelas do SUS, para ficar como responsável pelo caos em que o governo Federal é sócio majoritário.

O município de Cuiabá entregou de porteira fechada os cuidados da saúde pública ao Estado, que repassou às OSS.

Essa insensibilidade oficial foi regada com a perda de preciosas vidas.

O atual governo está muito confuso, com relação aos problemas herdados há mais de um ano na saúde pública.

Demonstra, com o atual secretário, vontade de resolver os graves problemas encontrados no território arrasado.

Fico com a leve impressão que nesse imbróglio todo, o governo está confundindo João Germano com gênero humano.

Gabriel Novis Neves

18-07-2011

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