domingo, 28 de agosto de 2011

SER MODERNO

A novidade hoje é ser antigo. Tudo que é rotulado como novo foi reciclado.

O café na padaria, por exemplo. É frequentado no primeiro horário por gente moderna. São velhinhos com brincadeiras de crianças. Uma amiga me perguntou se eu e os meus amigos daquele horário, não tivemos infância! Claro que tivemos! Tanto é verdade que, no nosso ocaso, reciclamos, inclusive, as brincadeiras da época.

O idoso-criança é feliz. Age como uma criança que acredita em outra criança (Thiago de Melo). O idoso não acredita em outro idoso convivendo com a infelicidade escondida pelo botox da felicidade social.

O presidente fundador dessa estranha seita da madrugada é um conhecido advogado criminalista – diz ele que escolheu esta especialidade por experiência própria. Certa ocasião esclareceu aos seus pares que o chamam pelo carinhoso apelido de Fuxiqueiro.

Ex-reeducando do famoso colégio FEBEM, fez o seu curso de direito por correspondência, aproveitando uma brecha na lei da sua terra. O seu forte eram as aulas práticas. Não à toa: pois morou por dez longos anos na sua própria escola - aquela do Ministério da Justiça, e não, da Educação.

Recentemente o ex-interno da FEBEM ficou impossível, parecendo-se com a Companheira (do Porto). Sua foto estava em todos os jornais e sites contando a sua primeira vitória profissional na justiça (segundo o Gago foi matéria paga).

Mandou divulgar até o valor da causa e colocou um anúncio pago nos veículos de comunicação dizendo que os seus honorários eram de 20% sobre o valor da causa. Isso causou pânico no café, pois ninguém do grupo sabia lidar com milionário.

Um vizinho de mesa, que estava assuntando tudo, disse que se dava bem com o Milionário, que ele era um sujeito até matuto. No encerrar do papo, notamos o equívoco do amigo quando perguntou pelo Zé Rico. Confusão acontece.

Um quitandeiro, quando ouviu o nosso presidente, com as mãos na cabeça, suspirando em tom de deboche para nos ofender um, “ai... ai... ai...”, não se conteve. Ele disse alto e bom som, que o cliente do nosso causídico, conhecido como “O da porta da cadeia,” estava totalmente sem grana. O pagamento seria efetuado com verduras e frutas.

Foi o suficiente para a criança se descontrolar. No dia seguinte desta descoberta, ao voltar do consultório, minha casa lembrava uma pizzaria: recendia a cebola. O engraçadinho deixou no meu escritório, sessenta quilos de cebola, divididos em três sacos de vinte quilos cada. Não satisfeito, enviou também uma montoeira de chuchu. Lembrei-me da Companheira (do Porto) e mandei tudo pra casa dela, que aproveitou para o lanche.

Ser moderno é aproveitar essas falsas demonstrações de sucesso material. A essa altura isto não me interessa mais. O jeito é transformar tudo numa grande piada.

“Perco o amigo, mas não perco a piada.”

Ai... ai... ai...!

Gabriel Novis neves

19-08-2011

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