segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O DIABO MORA NOS DETALHES

O Hospital Metropolitano de Várzea Grande, após sete anos de gestação, nasceu de parto operatório no dia dois de agosto.

Segundo matéria do jornal "A Gazeta", do dia nove de agosto, o Centro Cirúrgico receberá seus primeiros pacientes dia onze deste mês.

Encontrará, na região metropolitana, cerca de dois mil e quatrocentos pacientes na fila por cirurgias.

No recém-inaugurado hospital, serão realizadas cirurgias eletivas, entre elas as ortopédicas.

Segundo a jornalista Silvana Ribas, o diretor do hospital explicou que só atenderá pacientes de baixa e média complexidades.

Para as cirurgias ortopédicas de alta complexidade, o encaminhamento será feito para o Hospital Geral Universitário (HGU), onde dois leitos serão destinados a pacientes já cadastrados pelo Pronto Socorro.

O Diretor Geral do Metropolitano não revelou o montante de pacientes atendidos no primeiro dia de trabalho.

As cirurgias serão realizadas nos cinco dias úteis da semana.

Sessenta médicos devem realizar mensalmente duas mil consultas, dois mil exames de raios-X, quinhentas tomografias, trezentas e sessenta e seis endoscopias e trezentos atendimentos de urgência encaminhados pelos Prontos-Socorros de Cuiabá e Várzea Grande.

O Pronto-Socorro de Várzea Grande possui cinco salas cirúrgicas, e três estão desativadas por falta de equipamentos.

“O Diabo mora nos detalhes” – provérbio alemão.

E como tem Diabo escondido nessa matéria jornalística!

O hospital, que veio para resolver o problema de ortopedia no Estado, não realiza cirurgias de alta complexidade!

Por quê? Porque...

O diretor do hospital, totalmente informatizado, não soube informar quantos pacientes foram atendidos no primeiro dia de funcionamento?

Por quê? Porque...

O regime de trabalho do centro cirúrgico do hospital, que veio para terminar com as vergonhosas e humilhantes filas, será o mesmo das repartições públicas: de segunda a sexta no horário comercial.

Por quê em nenhum momento da entrevista foi citado o número de leitos e o seu custo mensal?

Por quê? Porque...

Qualquer auditor médico do SUS, ou de Planos de Saúde, sabe o que representa esses dados traduzidos em possíveis atendimentos mês.

Os Diretores de hospitais filantrópicos ou privados, então...

Só um exemplo: qualquer Pronto Atendimento de hospital de médio porte em Cuiabá, com seis a oito médicos, tem uma produtividade mensal superior a seis mil atendimentos.

Hospital desse porte realiza, por mês, mais de quinhentas cirurgias.
O movimento laboratorial que um hospital privado de médio porte produz, nem vou citar.

O número de consultas com médicos que atendem planos de saúde, não tem limites.

É bom lembrar que, mesmo os hospitais privados de médio porte, possuem excelentes UTIs e as suas portas não fecham - muito menos o Centro Cirúrgico.

São esses detalhes que a população não tem acesso, e o que interessa ao governo é o marketing com a saúde do pobre, visando dividendos eleitorais.

São tantos os detalhes dos serviços públicos, que não há gente necessária e disposta a dizer que o provérbio alemão é correto:

"O Diabo mora nos detalhes".


Gabriel Novis Neves

10-08-2011

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