segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O HOMEM DO INTERIOR

Muito já se falou e se escreveu sobre as terceirizações: uns contra, outros a favor. A imprensa local, de um modo geral, vem condenando a terceirização dos nossos serviços públicos.

Aqui em Mato Grosso o governo do Estado terceirizou todos os serviços de saúde.

A nossa prefeitura só fala em terceirizar os serviços de água, saneamento e até o PAC.

Pelo jeito o governo do Estado ficará administrando só a construção da Arena Pantanal. Após a Copa será, com certeza, terceirizada.

Todos estes fatos, só para citar os mais recentes, já foram debatidos à exaustão. Mas, parece-me que caíram em ouvidos moucos.

Nós, aqui do interior, cujas vozes poucas vezes são ouvidas, batemos insistentemente nesse assunto – terceirização.

Entretanto, acabo de ler um artigo de um dos mais admirados jornalistas brasileiros: Carlos Chagas.

Diz ele que a terceirização “Começou com Fernando Collor no palácio do Planalto, mas a grande distorção aconteceu nos oito anos de Fernando Henrique e foi continuada no governo Lula. A pretexto de diminuir o tamanho do estado, ou imaginando reduzir despesas, os governos neoliberais começaram a contratar empresas privadas para fazer o trabalho que sempre coube ao poder público.”

Bem a propósito: dia desses vi uma reportagem sobre uma jovem que passou em um concurso público e que até aquele momento não tinha sido chamada. Diz a jovem que em seu lugar existe um trabalhador terceirizado.

E uma verdade que podemos facilmente constatar é que muitos figurões do Estado possuem empresas de terceirização de pessoal para os mais variados setores. É claro que essas empresas estão em nome de amigos, pessoas ligadas ao poder, etc. Esses trabalhadores são, portanto, intocáveis. Aquela jovem que passou no concurso, não tem como competir com os contratos milionários que os donos dessas empresas privadas firmaram com o governo.

Certos fatos são engraçados. Necessitam do aval de pessoas com reconhecimento nacional ou internacional para ganharem credibilidade. Carlos Chagas, pelo visto, integra o rol das pessoas contra a terceirização. Mesmo porque, já foi mais do que provado que este tipo de trabalho encobre uma espantosa corrupção.

Sendo assim como aceitar que esta situação se perpetue? Os indivíduos que prestaram concurso público estão à deriva, e reféns desses grupos que se agarram às tetas do governo em benefício do seu próprio bolso.

Finalizando seu artigo, Carlos Chagas, nos alerta que: “O pior dessa história é que mesmo agora, em plena crise econômica, tudo continua igual. Com raras exceções, os donos dessas empresas locupletam-se e os empregados comem o pão que o diabo amassou.”

Senhores governantes: não está na hora - em respeito à transparência e aos que passaram nos concursos públicos - de extirpar mais esse mal que consome o nosso dinheiro?

Será que, após o carimbo de um Chagas, nós, aqui do interior, poderemos ter a esperança de que nossas vozes serão ouvidas?

Gabriel Novis Neves

15-08-2011

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