segunda-feira, 28 de março de 2011

VIOLÊNCIA

Toda a população da ex-Cidade Verde está apavorada e preocupada com a violência que tomou conta da velha capital. E esta preocupação se estende a toda a população do Estado.

Percentualmente, a nossa classificação no mapa da violência surpreende até o mais otimista dos cidadãos.

No Brasil estamos no grupo dos oito Estados de maior criminalidade – que é imbatível na modalidade Caixa Eletrônica.

Em termos mundiais frequentamos a lista dos países árabes em conflitos.

Muitas autoridades colocam na conta do reduzido número de policiais a causa para a violência reinante. Também pudera! Um número expressivo deles está na segurança das nossas autoridades e familiares. Outro grupo, nada desprezível, se dedica ao trabalho burocrático.

E o pagador de impostos só vê nas ruas policiais trabalhando para melhorar o caixa do DETRAN.

Nas grandes visitas que a cidade recebe como a de funcionários da FIFA, todo o batalhão vai para as ruas, com radinho no ouvido, e até o helicóptero sai feito barata tonta sobrevoando o cortejo.

No mais, a nossa cidade está à mercê dos bandidos de todas as espécies.

Há uma crise muito séria de insatisfação na outrora famosa Polícia Civil de Mato Grosso.

Para relembrar: o serviço da polícia civil está centrado no delegado, investigador e escrivão. São todos portadores de curso superior, e o seu ingresso no serviço público é feito mediante concurso.

O novo estatuto dos delegados de polícia, aprovado em janeiro, marca uma vitória desses profissionais.

Os seus salários foram vinculados ao do governador do Estado. Iniciam a carreira num patamar digno profissionalmente, recebem um incentivo de produtividade - baseado no desempenho dos investigadores e escrivães -, e se aposentam com o salário de governador.

Estão satisfeitos, nada a reclamar.

Em compensação, os seus subordinados vivem no inferno dos descontentes. De todos os servidores do Estado, com nível superior e com carga horária semanal de 40 horas, são os de salário mais baixo, segundo pesquisa realizada pelo seu sindicato.

No holerite dos investigadores e escrivães, o valor bruto é de cerca de dois mil reais. Líquido, que é o que interessa, os reais ficam bem abaixo da linha dos dois mil.

Não possuem qualquer tipo de incentivo, nem plano de saúde. Os seus trabalhos são de risco - prender bandidos e interrogá-los.

Os antigos peritos ganham mais e estão na secretaria de segurança.

Essa gente para sobreviver se vê obrigado a fazer bicos, e é aí que mora o perigo: polícia fazendo bico, não dá certo.

O policial tem que ter um salário digno, e ser policial em tempo integral, até se aposentar.

Essa dupla militância não é favorável à sociedade. Acredito que essa parte tem que ser estudada, pois considero essa distorção um dos motivos do aumento da violência na cidade da Copa.

Insatisfação no trabalho é uma forma de violência.

Dá para estudar esse assunto? Antes tarde do que nunca.

Gabriel Novis Neves

01-03-2011

Um comentário:

  1. Sim, Dr. Gabriel, insatisfação no trabalho é uma forma de violência e uma das maneiras de perpetuar a escravidão também.
    E que escravo pode trabalhar feliz, desempenhando com amor as suas tarefas?
    Que população será realmente bem servida pelo
    insatisfeito e servil?
    O assunto, como tantos outros, sim,
    carece de estudo como você propõe.
    Mas, não.
    Tocam a bonde, a boiada, e na floresta o pasto,
    e no pasto o adubo que mata a grama, a grama que não respira, sufocada pelo mato....e é assim,
    infelizmente....na cidade da Copa, no país da Copa...e as copas das árvores?
    Sem refrigério estamos.
    O cinismo impera e reina solto.
    Nem sei se me fiz entender.
    São meus sentimentos que já nem contam mais.
    Os de alguém como os seus contarão?
    Abraços,
    Eliana Crivellari

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