segunda-feira, 21 de março de 2011

Tiro de misericórdia

Li que o novo governo reconheceu o recebimento da nefasta herança da saúde pública do nosso Estado. Optou por uma solução em curto prazo.

Como todos sabem o governo do Estado não tem nenhum hospital na Grande Cuiabá - que possui um milhão de habitantes. O perfil do Hospital Universitário (Federal) é mais voltado ao ensino e à pesquisa do que para a assistência. Segundo informações da mídia, o governo Estadual resolveu “ajudar” alguns hospitais da rede conveniada com o SUS com algumas migalhas, em troca do aumento do número de leitos. As famosas parcerias feitas pelo governo passado só trouxe lucros às empresas fabricantes de placas.

Existe uma UTI aqui na ex-Cidade Verde que foi inaugurada quinze vezes, com placas nas paredes. No momento, como sempre, está fechada para reformas!

O mesmo acontece com o hospital municipal do outro lado do rio Cuiabá.

Passar para a iniciativa privada um problema que, constitucionalmente, é obrigação do Estado, é crime.

Se pelo menos o governo inspirasse confiabilidade, vamos lá. Mas na prática, com a documentação jurídica em mãos, ele é useiro e vezeiro na prática do calote.

Este foi o motivo principal do fechamento em massa dos hospitais do interior e da capital na gestão passada.

Ninguém acredita em promessas de governo. Até as crianças morrem de rir quando ouvem pela televisão eles falando em reformas e marcando datas de inaugurações. Todos se lembram das inúmeras vezes em que o Hospital da Criança foi inaugurado.

A notícia do fechamento dos hospitais psiquiátricos do governo e do privado veio com embalagem da Daslu. A população pobre e necessitada abriu o presente e encontrou um aviso - só milionários teriam tratamento especializado em São Paulo, ou clínicas inacessíveis ao seu bolso.

Os pobres iriam pagar os seus possíveis pecados nas tais Casas de Apoio Psiquiátrico, que, jamais, um governante mandaria para lá um parente.

O pior é que alguns hospitais privados toparão o negócio, que irá refletir na qualidade do atendimento e nas condições de trabalho oferecidas. Os dois Prontos-Socorros públicos recebem qualquer tipo de esmola.

Sou totalmente contrário à privatização da saúde pública. Estive dos dois lados, e sei como isso funciona na prática: não funciona. A não ser que se usem novos parâmetros de atendimento médico, com os quais não concordo.

Uma sugestão prática: apelar aos ricos empresários para que invistam no setor hospitalar. Estaria resolvido o problema em nosso rico e próspero Estado. O governo daria exclusividade aos pacientes do SUS.

Seria o tiro de misericórdia em um problema que tanto nos humilha.

Gabriel Novis Neves

16-02-2011

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