Toda a população da ex-Cidade Verde está apavorada e preocupada com a violência que tomou conta da velha capital. E esta preocupação se estende a toda a população do Estado.
Percentualmente, a nossa classificação no mapa da violência surpreende até o mais otimista dos cidadãos.
No Brasil estamos no grupo dos oito Estados de maior criminalidade – que é imbatível na modalidade Caixa Eletrônica.
Em termos mundiais frequentamos a lista dos países árabes em conflitos.
Muitas autoridades colocam na conta do reduzido número de policiais a causa para a violência reinante. Também pudera! Um número expressivo deles está na segurança das nossas autoridades e familiares. Outro grupo, nada desprezível, se dedica ao trabalho burocrático.
E o pagador de impostos só vê nas ruas policiais trabalhando para melhorar o caixa do DETRAN.
Nas grandes visitas que a cidade recebe como a de funcionários da FIFA, todo o batalhão vai para as ruas, com radinho no ouvido, e até o helicóptero sai feito barata tonta sobrevoando o cortejo.
No mais, a nossa cidade está à mercê dos bandidos de todas as espécies.
Há uma crise muito séria de insatisfação na outrora famosa Polícia Civil de Mato Grosso.
Para relembrar: o serviço da polícia civil está centrado no delegado, investigador e escrivão. São todos portadores de curso superior, e o seu ingresso no serviço público é feito mediante concurso.
O novo estatuto dos delegados de polícia, aprovado em janeiro, marca uma vitória desses profissionais.
Os seus salários foram vinculados ao do governador do Estado. Iniciam a carreira num patamar digno profissionalmente, recebem um incentivo de produtividade - baseado no desempenho dos investigadores e escrivães -, e se aposentam com o salário de governador.
Estão satisfeitos, nada a reclamar.
Em compensação, os seus subordinados vivem no inferno dos descontentes. De todos os servidores do Estado, com nível superior e com carga horária semanal de 40 horas, são os de salário mais baixo, segundo pesquisa realizada pelo seu sindicato.
No holerite dos investigadores e escrivães, o valor bruto é de cerca de dois mil reais. Líquido, que é o que interessa, os reais ficam bem abaixo da linha dos dois mil.
Não possuem qualquer tipo de incentivo, nem plano de saúde. Os seus trabalhos são de risco - prender bandidos e interrogá-los.
Os antigos peritos ganham mais e estão na secretaria de segurança.
Essa gente para sobreviver se vê obrigado a fazer bicos, e é aí que mora o perigo: polícia fazendo bico, não dá certo.
O policial tem que ter um salário digno, e ser policial em tempo integral, até se aposentar.
Essa dupla militância não é favorável à sociedade. Acredito que essa parte tem que ser estudada, pois considero essa distorção um dos motivos do aumento da violência na cidade da Copa.
Insatisfação no trabalho é uma forma de violência.
Dá para estudar esse assunto? Antes tarde do que nunca.
Gabriel Novis Neves
Sim, Dr. Gabriel, insatisfação no trabalho é uma forma de violência e uma das maneiras de perpetuar a escravidão também.
ResponderExcluirE que escravo pode trabalhar feliz, desempenhando com amor as suas tarefas?
Que população será realmente bem servida pelo
insatisfeito e servil?
O assunto, como tantos outros, sim,
carece de estudo como você propõe.
Mas, não.
Tocam a bonde, a boiada, e na floresta o pasto,
e no pasto o adubo que mata a grama, a grama que não respira, sufocada pelo mato....e é assim,
infelizmente....na cidade da Copa, no país da Copa...e as copas das árvores?
Sem refrigério estamos.
O cinismo impera e reina solto.
Nem sei se me fiz entender.
São meus sentimentos que já nem contam mais.
Os de alguém como os seus contarão?
Abraços,
Eliana Crivellari