sábado, 19 de março de 2011

Brasa

Diz um velho ditado popular que cada um puxa a brasa para a sua sardinha. Para os políticos então, esta máxima é muito aplicada. Não é raro termos a sensação de que os nossos nobres representantes, muitas vezes, estão representando os seus próprios interesses, ou os de algum grupo político, ou mesmo, de amigos.

Exemplo: dia desses um iminente parlamentar falou muito da necessidade de se trazer recursos federais para o Estado. Logo pensei que esses recursos pudessem ser para tentar salvar a nossa saúde pública agonizante.

Mas, estava enganado. Não que estivesse surpreendentemente enganado. Entretanto, não pude deixar de ficar perplexo ao saber que os recursos eram para aquecer um mega projeto de construções de pontes para escoamento da produção agrícola. Mais perplexo e revoltado fiquei, ao saber do valor inicial do projeto: 300 milhões de reais.

Nada contra esse investimento, tão necessário à nossa economia.

O que me revolta é o fato de que, na política, não se respeita as prioridades do povo. Aliás, não estou falando nenhuma novidade. Todo mundo sabe disso.

O Orçamento Geral do Estado acaba de receber um corte linear, exatamente no valor do início do projetão ponte. Com esse projeto concluído, seremos, com certeza, o Estado com as melhores pontes do Brasil.

Seria um avanço e orgulho para nós na área econômica. No entanto, ao pensar nos trabalhadores rurais - que produzem as riquezas que serão exportadas pelas modernas pontes - não posso deixar de sentir certa repulsa ao projeto.

Os nossos trabalhadores rurais, na sua grande maioria, convivem com a miséria, falta de atendimento à saúde e acesso à educação quase zero. Sem falar das inúmeras denúncias de trabalho escravo.

Quando que o homem será prioridade neste país? Exportamos riquezas e ficamos na miséria? Não está correta essa política.

Certa vez ouvi alguém falar que um país não progride se não levar seu povo junto com ele.

Há necessidade urgente, urgentíssima, de o povo brasileiro acordar da sua inércia e lutar pelos seus direitos. Do contrário será utópico pensar que um dia nós faremos parte de uma nação justa e humana.

O deputado com toda a certeza legisla em nome dos grandes produtores rurais.

Precisamos de representantes que se interessem e lutem por gente, pelo povo.

Gente de um modo geral, e não fragmentos de classes sociais, raças, religiões ou ideologias.

Não podemos deixar que o “sinto vergonha de mim”, faça parte da nossa história de vida.

Chegou a hora de puxarmos a brasa para a nossa sardinha.

Gabriel Novis Neves

15-03-2011

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