Hipocrisia eleitoral

Com o feriadão oficial, sugiro uma caminhada em Cuiabá (ainda capital do estado), como fonte de lazer. Neste período de eleições aproveite para realizar uma pesquisa de aferição da hipocrisia eleitoral. Pergunte às pessoas qual o desejo que gostariam de ver realizado pelos futuros gerentes do poder. As respostas ficarão na resolução dos nossos crônicos problemas sociais - com ênfase na saúde, educação e segurança.

Verdade? Talvez intenção. Acontece que o eleitor não confia nos políticos, e estes para se elegerem vendem até a própria alma. Depois, querem que o povo se exploda. Como existe esta desconfiança bi-lateral, que se danem as prioridades da nossa sofrida gente. A única prioridade neste momento para o eleitor é o “presentinho.” Eles sabem que estão traindo o futuro dos seus filhos, mas a regra do jogo é essa. Surge o imediatismo da recompensa antecipada, que é uma forma de hipocrisia. Há poucos dias ouvi de um operário um depoimento, que traduz com perfeição a nossa realidade:

- Doutor, eu vou tirar umas férias para levar a minha filha para o meu pai conhecê-la. Ele mora muito longe. No Pará. Tenho um velho carro e ganhei a gasolina de um candidato Ficha Suja. Sei que não deveria aceitar essa “troca.” Mas é melhor votar em um candidato “Ficha Suja” que me ajuda, que num futuro “Ficha Suja.”

Lembrei-me da famosa dama do Jornal Nacional, que entrevistando um candidato a Presidência da República, disse que ele estava fazendo chantagem em só defender a bandeira da educação, prioridade de todas as famílias. Com a humildade de um velho médico da família, ele responde à dama:

- Educação não sensibiliza o eleitor. Tanto é verdade que tenho apenas dois por cento dos votos nas pesquisas. Para crescer na pontuação do IBOPE, preciso de “malas cheias” e passar “o chapéu” para os financiadores dos presentes. Parece que a senhora não conhece o Brasil.

A hipocrisia eleitoral continua, para o mal desta nação.

Gabriel Novis Neves (7.5 + 59)

03-09-2010