domingo, 5 de setembro de 2010

Mancha castanha

A pele é o maior órgão do corpo humano. À exceção dos orifícios genitais, alimentares, oculares, e as mucosas genitais, a pele reveste todo o nosso corpo. É o órgão responsável pela proteção dos demais órgãos internos. Há pouco tempo no Brasil, e hoje já moda, a pele é utilizada como tela para as mais inimagináveis pinturas – as famosas tatuagens.

Existe um seleto grupo de pessoas que nascem com manchas na pele - dádiva da Natureza. Em geral são benignas, não crescem e apenas acompanham o crescimento corporal. São manchas de coloração castanha, e geralmente estão localizadas no rosto, costas, coxas, pescoço ou mãos. Possuem as mais variadas formas e tamanhos.

Pois bem. Vocês devem estar se perguntando onde quero chegar com essa história de manchas na pele. Explico: hoje conheci uma linda donzela. Uma escultura viva! Tinha lá os seus vinte e poucos anos. Usava os cabelos presos num enorme rabo de cavalo. Possuía uma mancha acastanhada na parte lateral do pescoço, indo em direção à nuca. Olhei para aquela mancha e achei-a muito bonita. A moça percebeu o meu olhar e, constrangida, tentou esconder a mancha com o rabo de cavalo. Perguntei a ela porque escondia aquela escultura doada pela Natureza. Ela respondeu que se sentia incomodada e envergonhada com aquela mancha. Entendi o seu sentimento. Inofensivas e lindas, as manchas de nascença provocam nos jovens certo desconforto, por certa notoriedade que a mancha lhes dá. Procuram escondê-las, disfarçá-las. Como se fosse possível esconder uma obra da natureza!

Contei a ela, à donzela, que tive um colega de Medicina, com um metro e oitenta e oito de altura, com uma enorme mancha congênita no rosto. Recebeu do grupo o carinhoso apelido de boi. Boi que é boi nasce com mancha no rosto. Era sucesso aonde chegava - para desespero dos não manchados. Ela sorriu da história. Falei que conhecia inúmeras outras historinhas sobre pessoas com manchas na pele, e todas com final feliz. E que eu, particularmente achava as manchas muito charmosas.

Ela se despediu com um sorriso no rosto, talvez estivesse grata pelas minhas palavras. Ou talvez estivesse desacreditando de mim. A verdade é que com os jovens, a gente nunca sabe.

Por mim, e lembrando as palavras sábias de minha mãe, só posso dizer que tudo o que Deus faz é bem feito.


Gabriel Novis Neves (7.5 + 57)

01-09-2010

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