terça-feira, 14 de setembro de 2010

Agora de quê?

Como de hábito ligo o rádio do meu carro a caminho do trabalho. Esperava ouvir música ou algum noticiário interessante. Mas qual! Entrava no ar o tal Programa Eleitoral Gratuito. Gratuito, modo de dizer, alguém paga por este espaço, ou seja – o contribuinte.

Tinha intenção de desligar o rádio, mas resolvi escutar o que os políticos estavam espalhando por aí.

O programa começou com a fala do candidato furador de fila, aquele que desagregou um partido. Diz ter luz própria. Colocou na escuridão interesses do estado. Está agora sendo premiado pelo controlador do partido, que tem sede em São Paulo, pelos relevantes e impopulares projetos que defendeu. O maior de todos foi o de enterrar uma CPI moralizadora. Sabem o que ele defendeu no programa de rádio? A união de todos os parlamentares eleitos para conseguir recursos para Mato-Grosso. Ganhei o dia! Não é sempre que nos divertimos logo pela manhã! A verdade que rola nos bastidores, e que os seus próprios companheiros de partido e coligação sabem, é que – se for eleito - ele fará parte de uma bancada de cinco ou seis senadores para receber ordens de São Paulo.

O comandante, que fez cirurgia plástica e mestrado no Caribe, precisa eleger senadores para pressionar, e mesmo chantagear, o próximo presidente, especialmente se for a guerrilheira que o substituiu no cargo de ministro. Mato-Grosso deve participar com dois senadores, já considerados eleitos pela mesma coligação. Obtive essas informações de fonte segura.

Ganha o candidato que fez abortar no Congresso a CPI da corrupção. Também o seu companheiro de coligação que ficou oito anos aumentando de dois mil para sete mil o número de funcionários comissionados, e criou, justiça seja feita, o ótimo programa estradeiro com os amigos. Agora se eleito for, prometeu dar continuidade com recursos de Brasília, aos excelentes programas sociais que criou. Por exemplo: o maior casamento comunitário do mundo, e a chegada do Papai Noel. Por falar nisto, este ano ouvi dizer que o Papai Noel vai aterrissar no Estádio Lutero Lopes em Rondonópolis. O Verdão desapareceu, e o premiadíssimo projeto da Arena Pantanal (que secou) só ficará pronto após a Copa de 2014. Cheguei ao meu destino, e não assisti o final da ladainha dos servos do senhor.

À tarde recebo em casa os técnicos de uma empresa privada para conclusão de um serviço eletrônico. Conversando com o líder do grupo - muito aborrecido com a derrota do Flamengo – ele me confessou que vai votar em um candidato Ficha Suja. E desdenhosamente me explicou com toda calma: “Estou consciente doutor que o cara não vale nada. Acontece que me dará dinheiro para a gasolina, e outras pequenas despesas não programadas. Todos aproveitam de nós, agora vou aproveitar deles. Lá no meu bairro todo mundo tá assim. Dá cá, toma lá.”

Diante dessa confissão fiquei um tanto quanto abalado – mas não surpreso. Cheguei a ensaiar um esclarecimento, mas desisti. É o que digo sempre, a consciência política de um povo passa pela educação. Não temos educação, logo, o povo não tem consciência política. Triste cenário! Mas é a pura realidade.

O mais triste, entretanto é essa história de transparência, trabalho e eficiência. Transparência? Trabalho? Eficiência? Onde estão? Se alguém encontrar, por favor, me avisem.

Apesar de parecer em vão, quero aqui fazer um apelo: acorde eleitor! Vote no Brasil!

O filme que vimos nos últimos anos, bem que poderia ter sido consumido com as queimadas em Mato-Grosso.


Gabriel Novis Neves (7.5 + 48)

23-08-2010

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