sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Taxas

Sei que pago ao governo inúmeras taxas. Isso representa cinco meses de salário ao ano. Fico revoltado com a contra partida que o governo nos oferece: escândalos. Sei que essas absurdas taxas, as mais altas do mundo são apropriações indébitas, ou em bom português, um verdadeiro assalto. Tenho em meus arquivos a relação completa das taxas que pago. Desconhecia completamente a recente criação, não publicada no Diário Oficial, da taxa de sucesso. A sua autora é uma funcionária comissionada, com direito a casa no Lago, carro preto com motorista e cartão corporativo. Olha só que delicadeza da moça, autora da “taxa de sucesso,” e que tem grandes possibilidades de continuar a servir ao Brasil no 1º escalão do governo. A “taxa de sucesso” tão necessária para aumentar as verbas para os programas sociais do governo consiste praticamente no seguinte: todo empresário que procura o governo para uma parceria, jamais consegue chegar a um funcionário da gigantesca máquina burocrática, com poder de decisão, para analisar o seu projeto. Por essa razão foi criada a novíssima “taxa de sucesso” de excelentes resultados familiares. O interessado é aconselhado a procurar um dos numerosos escritórios “credenciados” para essa negociação. Surge outro problema que também precisa de gente especializada. Alguém para indicar um “consultor” para a escolha correta do escritório que realizará o trabalho. Feito isso, o empresário contará com técnicos para ajudá-lo. É exigido um pré-contrato de módicos 6% da operação, chamado de “taxa de sucesso.” Serve essa taxa, para resguardar o salário de muitos profissionais qualificados. A experiência do escritório escolhido é de 100% de aprovação. Mas e se não der certo? Não é justo toda essa equipe trabalhar de graça. Correto. O trabalho do escritório é coroado de êxito em tempo recorde. Novo e definitivo contrato é assinado, após recebimento integral da “taxa de sucesso.” Dizem que são contratos que envolvem muitos recursos, e a parte que o “escritório” recebe ou abocanha como dizem os cuiabanos, é o suficiente para os donos do escritório não se preocuparem mais com o leite das crianças. Tomei conhecimento da “nova taxa,” lendo a Revista Veja da Editora Abril, edição 2182-ano 43-nº 37 de 15 de setembro de 2010.

Como tudo que é bom dura pouco, a comissionada acaba de “pedir demissão” do cargo.

O seu sucessor indagado sobre a “taxa de sucesso” afirmou que ela continuará para o bem do Brasil.


Gabriel Novis Neves (7.5+71)

16-09-2010

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