domingo, 19 de setembro de 2010

Aqui e lá

No último final de semana recebi uma correspondência de um apaixonado filho de Cuiabá (ainda capital), que uma vez por mês, por motivos familiares, visita a ex-Cidade Maravilhosa. Contrariado com o que viu por lá, aproveitou para fotografar a causa da sua indignação. As fotos enviadas não me causaram nenhuma surpresa. Já estou acostumado a ver nossos mitos cuiabanos serem alvo de tanto menosprezo! Transcrevo parte do desabafo do doutor Carlos Eduardo Epaminondas:

“Visitei e fotografei a Escola Municipal Dom Aquino Correa. Fica localizada em Copacabana na Praça Cardeal Arcoverde, ao lado do Metrô Arcoverde, no mesmo prédio do Teatro Glauco Gil. Como está feia a fachada da escola! A pintura de cal, quase apagada. Nunca soube de nenhum cuiabano com o poder nas mãos (embora o manda-chuva (!) do Ministério das Cidades seja daqui), se preocupando em, pelo menos, dar “uma guaribada” naquela lembrança tão importante para o povo mato-grossense! E é ignorada pela prefeitura do Rio de Janeiro!”

Prosseguindo o seu desabafo ele relembra: “Dom Aquino passava metade do ano na antiga capital federal hospedado no Colégio Santo Inácio, para conseguir do seu amigo Getúlio Vargas, e amigos empresários, recursos financeiros para as obras sociais da Arquidiocese de Cuiabá. Quando da inauguração do Jockey Clube Brasileiro na Gávea, o Cardeal do Rio se negou a comparecer à solenidade para as bênçãos de praxe. Estava criado um sério problema político. O Cardeal alegava que o Clube era de jogo de azar e em hipótese alguma iria abençoar a casa de satanás. Dom Aquino, o conciliador, foi chamado para a difícil missão. Após longo debate com a cúpula da Arquidiocese do Rio, utilizando argumentos que nem o Rui Barbosa empregou em Haia, por unanimidade o humilde cuiabano representou o clero carioca naquela ocasião, sem fazer concessões, e agradando a gregos e troianos, evitando uma grave crise institucional. Até há pouco tempo no aniversário do Clube havia um páreo de corrida de puro-sangue, denominado Dom Aquino Correa.”

Finalizando o desabafo, o meu colega de primário, ginásio, científico e faculdade de Medicina, falou que teme a praga que jogaram em Cuiabá, como a terra do “já teve” - inclusive personalidades ilustres.

Amigo, aqui como lá, é assim que são tratados os heróis que construíram esta grande nação. Andando por Cuiabá (ainda capital), os monumentos, avenidas, ruas, escolas, conjuntos habitacionais, hospitais, enfim qualquer obra pública construída nos últimos anos, com o nosso dinheiro, têm cada nome... Não dá para acreditar o que os políticos profissionais fazem com o poder político nas mãos - tão transitório!

Cruz credo! Os verdadeiros mato-grossenses que fizeram história aqui foram condenados ao esquecimento. Convivemos com nomes de homenageados que nunca fizeram nada de útil a este estado ou nação. É uma vergonha! Um trator passou em cima da nossa história, e “em terra arrasada só cresce árvore daninha”.

Aqui como lá, é Brasil.


Gabriel Novis Neves (7.5 + 62)

06-09-2010

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