sábado, 25 de setembro de 2010

A VIDA

É tão curta e incerta que não merece desaforos. Trato o meu dia como se último fosse. Nunca deixo para amanhã o que posso fazer hoje. Amanhã? Existe, mas não é confiável. Os anos vividos faz a poeira da nossa inquietação assentar, e melhora a nossa visão para o que virá.

Após o golpe traiçoeiro, sempre nos referimos assim para a única coisa não esperada na vida - que é a morte de uma pessoa querida - passei por um período de amnésia. Não sabia se estava vivo ou não. Recuperei-me com auxílio da ciência e principalmente com a vontade de continuar subindo a escada da vida.

Herdei noções de informática. A solidão a transformou na minha inseparável companheira. É o meu brinquedo preferido e único. Sou a maior vítima das teclas do meu computador. Exponho nos meus artigos as minhas fraquezas humanas e a dos meus semelhantes. Procuro essas relíquias nas lentes do microscópio, das singelas atitudes despercebidas pelos caçadores de volumes: é uma palavra na fila da compra do pão; a surpresa do som de um instrumento de corda chorando em pleno feriado, da sacada do pequeno sobrado; a velha catadora de latinhas comentando sobre o que sabe. São pequenos detalhes captados sem nenhum planejamento, o combustível que utilizo para escrever. Se um dia for acometido de um acesso de vaidade em publicar um livro, a parte mais fácil será a bibliografia consultada: as ruas e seus personagens anônimos.

Acredito na necessidade de comunicação entre as pessoas. Utilizo ou tento utilizar o linguajar mais simples possível, sempre omitindo nomes dos personagens para não incomodá-los. Assim mesmo muitos vestem a carapuça que não os pertence. O que fazer?

Esforço-me em ser um simples narrador dessa delícia que é o nosso dia. Muitos se identificam com alguns fatos, que são sempre transmitidos pela cultura das ruas, e fazem reflexão. Outros vestem a carapuça que não lhes pertence, e ficam furiosos.

A vida é tão curta, que na minha agenda não há intenção de magoar alguém, como também não há espaço para a submissão aos plantonistas do poder.

Não posso e nem devo, é deixar de registrar os sentimentos sinceros da minha gente, sobre a “vida como ela é.”


Gabriel Novis Neves (7.5+64)

08-09-2010

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