quinta-feira, 16 de setembro de 2010

TIRIRICA

Já repararam que em toda eleição aparece pelo menos um candidato “esquisito” e que logo ganha à simpatia de toda a Nação? Este ano temos o Tiririca. O que eu escuto dizer é que ele vai ser o candidato a deputado federal mais votado da história do Brasil. Mas, como a política atualmente no Brasil está uma palhaçada só, nada mais coerente os paulistas elegerem um palhaço para representá-los. Um palhaço profissional. O que já o coloca em nível bem mais alto do que o de qualquer político – como diria Charles Chaplin.

Palhaçada por palhaçada deveríamos chamar o Tiririca para fazer uma visita aqui em Cuiabá para dar sugestões para a erradicação do fogo que há meses devora o nosso Estado. E ainda faria um favor ao seu partido, o mesmo do governador. Chegaria à Cuiabá (ainda capital) no jatinho de um forte empresário mato-grossense, e imediatamente visitaria Chapada dos Guimarães.

Coitado do Tiririca! Fico imaginando a cena. Tiririca chega à Chapada e percebe que o fogo está sem controle nenhum. Sufocaria e se transformaria em cinzas, se não fosse o serviço de reboco. Mas ele percebe também que o governo do seu partido tomou, após o incêndio, algumas providências: recrutou e treinou agentes para utilização de meios braçais para o trabalho, como bomba costal, abafadores e até moto-bomba. Ah! Aí ele encontrou a sua praia – palhaçada. Cadê os equipamentos para combate ao fogo? Cadê o Corpo de Bombeiro qualificado? Cadê o trabalho preventivo? Não tem... Palhaçada! Parece que estou escutando ele dizer: “Pessoar do markin, vamo gravá.” Se aproxima do fogaréu e lasca seu novo slogan: “Não ponha a mão no fogo votando em políticos que não previnem as queimadas. Vote em Tiririca, inimigo do fogo, e garanta boas gargalhadas.”

Feito o comercial ele vai se reunir com a cúpula do partido para discutir soluções. E encontra uma magistral: “Pessoar, tá simples de se arresolvê o pobrema: é só proibi queimadas enquanto tivé fogo na região.” Foi muito aplaudido por todos e logo virou manchete de jornal. Com relação ao iminente desabamento do Portão do Inferno, prometeria recursos do DNIT, assim que tomasse posse, para as preventivas obras de engenharia. Mas avisou: “Segura ele até lá, não dexa ruir não!”

Depois de ter feito o seu comercial e garantir pelo menos mais meio milhão de votos, pois São Paulo também está ardendo, Tiririca retornaria à Cuiabá no único helicóptero do estado em condições de trafego e ficaria por algum tempo hospitalizado em um hospital privado. Simples como ele é iria logo reclamando: “Pessoar, num carece de hospital particular não, me leva pra um do SUS – tô mais acustumado.” Então lhe informariam que Cuiabá é a única capital do Brasil que não tem hospital público. Aí é demais! Ele chora. Até o palhaço chora! Depois de ter se hidratado e se recuperado no balão de oxigênio, ele iria embora. Voltaria no mesmo jatinho que o trouxe, com direito a Buffet de grife. Logo após a decolagem, sumiria na fumaça das queimadas.

É. A visita do Tiririca seria bem interessante. E confirmaria uma das frases célebres de De Gaulle – “A política é um assunto sério demais para se deixar com os políticos.” E eu me atreveria a completar: “É preferível deixar nas mãos dos palhaços profissionais.”


Gabriel Novis Neves (7.5+67)

11-09-2010

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