terça-feira, 10 de agosto de 2010

Escolhido

Li no jornal que o atual ocupante do Planalto e a moça sua candidata oficial, escalaram um cuiabano para representá-los politicamente junto à coligação oficial nas eleições de outubro. Acertou em cheio a turma do planalto na escalação. Deixaram de saia-justa aqueles que se diziam representantes do poder federal aqui. O moço escolhido, nem pertence ao partido da estrelinha vermelha.

Fui amigo do pai do funcionário de Brasília escalado para a missão política em nosso estado. Ele foi um político muito avançado para a sua época. Irreverente, culto e bem humorado, era sempre uma conversa interessante. Estudioso dos nossos problemas paroquiais - nacionais e internacionais. Com desenvoltura comentava também sobre as futilidades sociais. Não fazia o tipo político “mauricinho” como os de hoje. Nunca pensou em tingir os cabelos de cor “acaju,” a preferida de nove entre dez políticos atuais. Era um inimigo da moda e etiquetas. Despojado ao vestir, com largas camisas, metade dentro e metade fora das surradas calças compridas. De preferência usava sapatos velhos sem meias, barba sempre por fazer e o seu inseparável pitoco de cigarro. Foi aluno de Direito da UFMT quando eu era reitor. Conversávamos muito no campus, e nas noites de sessão da Assembléia Legislativa, em minha casa. Gostava muito de conversar com a minha mulher. Era uma figura fantástica e querida o nosso amigo-deputado!

Na inauguração de uma escola, na sua querida cidade de Santo Antonio de Leverger, fez um discurso que muito me marcou. Fez com precisão freudiana o perfil psicológico do seu amigo Secretário de Educação. Ele não se encontra mais entre nós. Porque essas pessoas morrem? Devia ser proibido! O seu filho faz uma carreira burocrática brilhante em Brasília. Ocupa um cobiçado cargo público. É a genética traçando caminhos.

Mas essa missão que recebeu para representar o mito e a moça por aqui, é castigo pela rotina a ser cumprida. Ele já participou da festa de lançamento dos candidatos eleitos para os cargos majoritários de governador e senadores. Também esteve presente nas festas de lançamentos de candidatos proporcionais. Um deles parece que não disputará as eleições, e o outro ainda depende de decisões federais. O jornal que deu a notícia fala do representante do Planalto em outros eventos. Acho que não esteve presente, pois não foi citado, no lançamento da candidatura da nossa eficiente senadora - agora obrigada a aceitar a humilhação do rebaixamento na hierarquia do poder. Este fato o deixou em uma desconfortável situação. A senadora não tem o apoio de Brasília? Ou nesse caso recebeu ordens de São Paulo? Essa e outras situações o representante oficial do Planalto teve que enfrentar. Enfim, é assim que funciona a política: na base do constrangimento, e prêmio posterior.

Pelas dificuldades enfrentadas nestes episódios, bem que o escalado pelo Planalto, para essa difícil missão no nosso estado, mereceria a chefia de uma embaixada, mesmo no Afeganistão.


Gabriel Novis Neves (7.5 + 33)

08-08-2010

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