segunda-feira, 23 de agosto de 2010

2ª FEIRA DE AGOSTO

O meu irmão que mora comigo foi passar uma temporada com as filhas no Rio de Janeiro. O seu cuidador aproveitou para tirar férias e eu voltei a minha rotina de anos.

Após os exercícios físicos da madrugada, passo na padaria para comprar um pão francês integral para mim, e dois franceses comuns para a minha ajudante doméstica. Hoje cheguei à padaria às 6:30h - horário em que toda a diretoria dos fuxiqueiros está reunida. O seu presidente-fundador era o único ausente, por motivo de doença. O pobrezinho está com coqueluche. Mesmo com a ausência do fundador, recebi um singelo presente do meu amigo espiquer Dirceu Carlino. Sendo assim vou dedicar hoje essa crônica para ele – em agradecimento.

Chegou à Cuiabá com seu amigo de infância, o jovem Miguel Sutil. Era o jornalista da expedição. O seu amigo retirou todo o ouro das redondezas e mandou para Portugal. O espiquer logo se enturmou com os boêmios, e ficou por aqui. Atualmente é empresário no setor de alimentação. São Pedro já o chamou várias vezes, mas como contraiu precocemente uma surdez incurável, não ouve a chamada. Acho que foi esquecido, ou está no final da longa fila.

Recentemente saiu de férias com a família. Procurou as praias contaminadas do nordeste para descansar. “O preço compensa” - diz o esperto espiquer. E lá foi ele feliz da vida com os bisnetos, digo, netos, ou serão filhos? Enfim, levou a criançada a tiracolo. Conhecido mão aberta, voltou carregado de pequenas lembranças para os amigos. É um bom velhinho esse Dirceu! Nesta segunda-feira de agosto, sem que eu soubesse de nada, foi programada a solenidade da entrega oficial do meu presente. Todos os fuxiqueiros foram convocados para solenizar o ato – menos o seu presidente como falei anteriormente. Teve discursos, aplausos, fotografias e muitos abraços - seguindo o ritual da diretoria dos fuxiqueiros. O presente foi-me entregue pelo próprio Dirceu. O mimo estava envolto num plástico colado com durex. Abri. Era um lindo chapéu pequeno! Na ponta da aba do chapéu uma etiqueta colada com goma arábica estampava os seguintes dizeres: “made in China” e o endereço da loja – “Rua 25 de Março, SP.” Mas isto não vem ao caso, faz de conta que ele comprou lá mesmo no Nordeste, o que vale é a intenção. Agradeci profundamente emocionado o presente e fui para casa.

Neste mesmo dia recebi um telefonema do tesoureiro do Clube dos Fuxiqueiros. Alertava-me que o presente era pura armação para me sensibilizar. “Como assim me sensibilizar?” – indaguei curioso. Então ele me explicou: “é que o nosso colega do Clube precisa de um avalista para um empréstimo bancário. Sabe como é. O seu restaurante está localizado numa praça pública que ele grilou e agora quer modernizá-lo para Copa de 2014.” Encurtando a conversa: nenhum banco sequer analisou o pedido do amigo de Miguel Sutil. Também pudera! Com a ampliação das vias aéreas, necessárias para se chegar à arena azul, o seu restaurante ficará exatamente debaixo delas. Que situação!

Mas querem saber de uma coisa? Com toda minha franqueza: isto tudo é puro fuxico! O Dirceu é um supermarajá e o tesoureiro-fotógrafo oficial dos fuxiqueiros tem um dos maiores salários do estado. Como ele diz: “eu tenho um salário-penduricalho de benefícios.”

O chapéu pequeno? Usarei nos grandes eventos sem ventos, senão ele voa de tão leve que é.


Gabriel Novis Neves (7.5 + 41)

16-08-2010

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