domingo, 1 de agosto de 2010

TATUAGEM

Confesso que nunca tinha me interessado pela arte de gravar sobre a pele, desenhos, nomes, símbolos etc. Mas - a vida é sempre repleta de, mas - o meu dia chegou, tardiamente, mas chegou. Não que eu pense em tatuar alguma parte do meu corpo, não, não é isso, ou, ainda não é isso. O dia a que me refiro é o dia em que reconheci que a tatuagem é uma arte. Chegou tarde, porque essa arte já existe a mais de cinquenta anos no Brasil. Mas, era tão marginalizada, que poucas pessoas se atreviam a tatuar o corpo. Eram tidas como marginais. Hoje, é quase mania nacional.

São bonitas as tatuagens! Especialmente quando feitas com tintas multicoloridas em um painel de bom tamanho. Em grandes dimensões é de um efeito visual incomparável! São pinturas artísticas para serem apreciadas, além de poderem ser palpáveis.

Tive oportunidade de ver uma dessas grandes tatuagens. Era um desenho bonito e meio enigmático. Tinha dragão, borboleta, cobra, flores, tudo muito colorido e alegre. Não resisti e pedi para tocar no desenho. Desejo consentido. Comecei a explorar a tatuagem com o sentido do tato. Passando a mão pela boca do dragão, senti uma sensação térmica de aumento de temperatura. Explorando com os dedos a língua da imensa cobra colorida, captei a dúvida que a Eva teve no paraíso. Tocando na imensa borboleta, que ocupava grande parte da tela corporal, senti como se o pólen transportado por ela tivesse ficado em minhas mãos. Pude então entender essa arte, até então desconhecida para mim. Fiquei longamente admirando aquele desenho. Notei que os meus sentidos do olfato, tato e visão, estavam em ritmo de estresse grave. Bem feito para quem só considerava arte nas suas formas clássicas.

A arte é tudo que mexe com os nossos sentidos e achamos bonito, independente se estamos acadêmica ou tecnicamente corretos ou não. Vivemos cercados de belezas por todos os lados. Quando descobrimos beleza em tudo que nos rodeia, somos apreciadores da arte. Mas, (olha o mas aí outra vez), sofremos o ferrenho patrulhamento ideológico exercido por uma casta que se intitula apreciadores e conhecedores da arte no seu mais alto grau - nem sei bem o que seja isso. Então o que acontece? Somos acometidos por aquele pudor hipócrita de não exprimirmos a nossa admiração por qualquer outra arte que não faça parte do rol das grandes obras.

Aí, é como dizia o gênio Tom Jobim: “É pau, é pedra é o fim do caminho.”

Amo tatuagem!


Gabriel Novis Neves (7.5 + 18)

24-07-2010

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