quarta-feira, 4 de agosto de 2010

NINGUÉM GOSTA

A independência total: quase impossível. Um pouquinho de independência: apreciado e desejado. Nenhuma: mortal. Ser dependente de alguma coisa é um atraso nas nossas vidas. O fato é que ninguém gosta de ser dependente. Entretanto a realidade nos aponta uma dependência cada vez mais gritante: com as máquinas.

Vejamos o caso específico do computador. Para a geração atual tudo está tranquilo. As nossas crianças fazem misérias com ele. A internet? Uma brincadeira de criança. São autodidáticas. Agora, para nós, idosos, o computador representa uma fera a ser domesticada. Como sofremos com os avanços tecnológicos! Tenho colegas brilhantes que não conseguem nem ligar um computador. Eu, após muito treino e paciência, consigo navegar um pouquinho pela Internet, e até aprendi a digitar meus textos – com um dedo só, mas digito. Mas, e quando surge um probleminha no aparelho – ou na configuração, como diz meu neto? Aí não tem jeito! Tenho que chamar um técnico. Outro dia meu computador resolveu bancar o engraçadinho. Ele me deixava receber emails, mas não deixava enviar. Que situação! Aperto botão daqui, botão dali, e nada. Apelei então para o técnico. Ele veio e num piscar de olhos - pois nem consegui acompanhar com os olhos a movimentação dos seus dedos no teclado - e pronto! Problema resolvido. Só que eu fiquei um dia inteirinho sem poder usar meu computador. E este fato causou-me um baita aborrecimento. E foi só um dia! Meu trabalho interrompido e produzindo um efeito cascata de chateações. Foi assim que percebi o quanto estou dependente desta máquina.

E o celular? Outro problema. Após anos utilizando um celular básico, fui obrigado a trocar por um novo. Pedi na loja um igualzinho. Informaram-me que o meu modelo nem fabricava mais, claro. Estou com o novo aqui em casa, e apanhando feito um burro de carga! O avanço tecnológico exige tantas mudanças operacionais! Nada de complicado – para eles, os jovens! Este ano pretendo continuar somente a atender e fazer ligações. No ano que vem quero aprender a receber e enviar mensagens. Depois a tirar fotografias, e quem sabe até filmar. E chega! O resto é demais para mim!

Para quem vem do tempo de telefone de manivela e máquina de datilografia, o meu avanço foi enorme! Lembro-me que antigamente, bem antigamente – meu tempo de juventude – uma ligação telefônica era feita somente através da Central Telefônica. Esperava dias para completar uma ligação interurbana. Internacional? Quase impossível! Tanto é que, quando estive na Europa – há quarenta anos – nem me passou pela cabeça fazer uma ligação para Cuiabá. E datilografia então? Nunca aprendi a arte de datilografar. Para os mais jovens informo que datilografar é o mesmo que digitar. E que a máquina de datilografia só datilografava, não fazia mais nada. Errou o texto? Colocava outro papel na máquina e começava tudo outra vez.

Só sei que, com o avanço dos meios de comunicação, o mundo se transformou numa aldeia. Falamos facilmente ao celular, tanto com o vizinho de apartamento, como com alguém do outro lado do mundo. As notícias? As recebemos em tempo real através da Internet.

Mas, existem outros tipos de máquinas. As humanas, por exemplo, sempre muito perfeitas e valorizadas. Agora, tem umas máquinas, que, vou te contar! Só dor de cabeça! Como aquelas que ficaram em exposição dias e dias na Avenida do CPA. Os donos daquelas máquinas também se confessam dependentes das máquinas.

Máquina sempre cria dependência!


Gabriel Novis Neves (7.5 + 22)

28-07-2010

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