As
promessas, na mais das vezes, são sempre difíceis de serem cumpridas, por isso,
evito fazê-las.
Aquelas
tradicionais promessas de início de ano são as mais decepcionantes.
Principalmente quando as dirigimos a nós próprios.
Com
frequência imaginamos que daremos um giro de 180 graus na nossa vida e, quando
conseguimos, no máximo, um de sessenta, já é motivo para grande comemoração.
Esquecemo-nos
que somos regidos por fatores externos, independentes da nossa vontade, e que
estes se mostram tão importantes quanto os internos.
Atualmente,
já nem é preciso buscar nas nossas caixinhas emocionais os motivos para tantas
frustrações.
Vivemos
um turbilhão de rupturas de valores éticos na política e nos comportamentos, e
tudo isso têm nos mobilizado para uma indignação contida, já que não
visualizamos em curto prazo qualquer tipo de saída viável.
Ao
contrário, nesse ano de 2015, somos invadidos por uma nuvem de maus presságios,
aliás, francamente divulgados pelas diversas mídias, desde sérias dificuldades
econômicas até a possibilidade de instabilidade social.
Há
muitos anos não vivenciávamos um Natal tão anestesiado - com rostos tristes,
sem iluminação festiva, ruas vazias e corações também.
As
promessas de dias melhores, com mais encantamento e prosperidade, nos soam
falsas diante da realidade de um país massacrado pelos desmandos de sua classe
dirigente.
Manchetes
esfuziantes das festas natalinas nos países desenvolvidos nos faz sentir como
aquele primo pobre, que contempla o primo rico como se de outro planeta ele
fosse.
Dissociados
da esperança coletiva, as promessas pessoais de mudanças de hábito e de
comportamento perdem a sua força.
Somos
seres gregários e, mais do que nunca, globalizados, incapazes de gerir as nossas
próprias vidas independentemente uns dos outros, ainda que encastelados nas
fortalezas que imaginamos darem alguma proteção.
Isso
tem sido bem nítido nas grandes cidades.
O
Ano Novo já começa velho, com as mesmas raposas políticas de sempre, algumas
até frequentadoras das páginas policiais.
Nesse
clima de incertezas, as festas natalinas perderam o seu brilho e, mais do que
isso, tiraram a luz dos nossos olhos.
O
pior é que os ouvidos moucos de nossa classe política não são sensibilizados
pela voz das ruas.
O
único interesse é a formação de um Ministério, novamente, composto por trinta e nove pessoas.
Pessoas
estas, sua maioria, totalmente desvinculadas da causa pública, num momento em
que a contenção de gastos se faz prioritária.
Tudo
continua girando em função dos interesses pessoais e na formação de um, cada
vez maior, poder político-partidário.
Parece
que o que nos resta é mesmo orar como sugere o Papa Francisco, mesmo
acreditando que sem uma forte mobilização social o gigante brasileiro
continuará adormecido ainda por muitos e muitos anos.
Nesse
início de ano não há promessas, há questionamentos.
Gabriel
Novis Neves
29-12-2014
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