É
de se lamentar um sistema de governo que não prioriza o bem-estar de sua classe
média.
A
classe mais abastada segue seus próprios valores, e simplesmente não segue
algumas regras preestabelecidas. E sobrevivem muito bem em meio ao caos.
Sua
cadeia mantenedora é diversificada e foge aos padrões habituais: voam em
jatinhos particulares, fazem viagens megalômanas, usam roupas grifadas,
frequentam restaurantes famosos, possuem carros milionários, moram em mansões
cinematográficas e possuem hábitos excêntricos.
Por
representar o esteio de uma sociedade, a classe média, ao contrário, é a
responsável pela ingestão de esperança que nutre os menos abastecidos.
Seus
valores são os tradicionais e seus dogmas ajudam a carneirada a acreditar que o
trabalho compensa, impedindo assim que a desordem e o crime sejam
desencadeados.
Aliás,
essa descrença generalizada já está mostrando seus efeitos com o aumento da
violência por todo o país.
Essa
parcela da população, empregadora imediata dos serviços do dia a dia, como por
exemplo: empregadas domésticas, cabeleireiros, manicures, comércio de pequenos
utensílios, restaurantes, serviços de lazer, é a que mantém atuante toda essa
cadeia por ela nutrida.
Aqui
entre nós, como na maioria dos países da América Latina, vemos o homem comum
completamente desencantado, descrente de uma condição justa de vida e com uma
única visão de futuro, a de se mudar para um país mais promissor em que o seu
trabalho possa ser mais valorizado e seu salário menos aviltante.
O
êxodo de profissionais liberais, os mais atingidos por todas as crises desse
sistema corrupto e injusto que nos aflige, é cada vez maior, e visa a fixação
em países mais sérios e que respeitem mais os seus cidadãos.
A
leitura de jornais aqui na terrinha tornou-se um tóxico matinal dos mais
poderosos. O mesmo acontece com as mídias televisivas.
As
diferenças sociais, cada vez mais gritantes, aniquilam até as mentes mais
otimistas.
Detentores
dos altos poderes decretam em causa própria, despudoradamente, salários
estratosféricos, enquanto o povão é massacrado por um sistema cruel de
empobrecimento, com salários incompatíveis para se levar uma vida com um mínimo
de dignidade.
Afinal,
estaremos ainda em pleno século XXI em um sistema de capitanias hereditárias em
que as glebas foram divididas irmãmente entre os poderosos?
Os
que menos trabalham, os que vivem da mais valia, são os que menos contribuem
para a riqueza de todos.
Onde
andam os estudos para taxação das grandes fortunas e das grandes heranças?
Claro
que essas taxações não interessam a classe endinheirada, já que o planejamento
de corrupções, cada vez mais vultosas, visa à fabricação de um número cada vez
maior de bilionários.
O
grande economista francês Thomas Piketty denuncia, em seu mais recente livro,
minuciosamente, todas as causas dessa grande injustiça social que assola esses
novos tempos cruéis da humanidade.
O
mais absurdo de toda essa situação é perceber que a sociedade, na sua
esmagadora maioria, aceita, sem se indignar, este Status Quo.
Estaremos
todos anestesiados, inclusive essa juventude bronzeada que tanto embeleza o
nosso país?
Ou
estaremos todos acomodadamente à espera da notícia de mais um escândalo de
assalto a uma nova instituição pública poderosa, já que a mais importante foi
totalmente dizimada?
Triste
ver toda uma população desnorteada e envergonhada perante o mundo.
Que
se acautelem os governantes, pois, população sem esperança é população à beira
da desordem e da anarquia!
Preocupa-me
pensar que os que ora estão usufruindo dos louros do poder não se sensibilizem
com o que está acontecendo com a boiada adormecida.
Será
que a simples ascensão à classe “C” de uma pequena parte dos desvalidos lavará
a alma da parcela restante?
O
tempo dirá.
Gabriel
Novis Neves
08-12-2014
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