segunda-feira, 26 de maio de 2014

Monopólio da razão

É simples: ou você tem ou não tem razão. É importante essa flexibilidade conceitual para que a razão apareça para aquele que tem a razão.
O diálogo e, principalmente, a franqueza, são peças essenciais nessa aprendizagem à busca da razão. As pessoas precisam entender certas decisões, pois, atrás delas está a razão de quem decidiu e as condições em que foram tomadas.
As decisões morais são processadas pela mente humana, argumentam os cientistas. Na procura da razão, obrigatoriamente passamos pelo apaixonante e sempre moderno tema sobre o que é certo ou errado.
Joshuna Greene, da Universidade de Harvard, tenta explicar esses dilemas conjugando filosofia e neurociência em seu livro, Tribos Morais.
 “Temos duas maneiras de pensar, cuja resposta para a mesma situação muda de cenário, segundo o estado emocional no momento das decisões, pela evolução biológica do ser humano, seja pelo aprendizado, pela cultura ou pela experiência” - afirma o cientista.
Adianta também que “nossas emoções morais não evoluíram para solucionar problemas que dizem respeito aos outros”.
Nem Aristóteles respondeu eticamente, por exemplo, se praticar o aborto é certo ou errado. “Sobre temas controversos prevalecem nossos sentimentos pessoais”, o que é a mais pura das verdades, com toda a razão.
Para se chegar próximo ao certo ou ao errado, o caminho mais indicado é levar ao conhecimento de certas pessoas fatos que contrariam a sua visão.
Quando os acontecimentos são levados a sério está-se avançando rumo a uma solução.
Entretanto, quando notamos que os fatos apresentados são descartados ou simplesmente ignorados, quem domina a cena são os argumentos.
O interessante é que muitas vezes os fatos mostram que os argumentos não são satisfatórios para se classificar um ato como certo ou errado.
É o caso do aborto. Há séculos fatos são apresentados, mas agora o Papa Chico avançou na solução desse problema descartando os argumentos.
Desejamos um mundo sem preconceitos, muitas vezes confundidos com direitos - “que são um modo disfarçado de expressar nossos sentimentos sobre temas controversos”.
É urgente que o governo invista mais em educação para que possamos participar da discussão de temas históricos que atormentam a humanidade.
Precisa ser desconstruído o existente monopólio da razão criado por mentes, algumas vezes, doentias.

Gabriel Novis Neves
20-03-2014

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