quarta-feira, 3 de outubro de 2012

UMA AVALIAÇÃO


Cuiabá cresceu muito nesses últimos quinze anos. Por falta de planejamento e descaso dos governos municipal, estadual e federal, esse processo se fez de uma maneira desordenada. Cuiabá sofreu um boicote em termos de recursos e vontade política para a solução dos nossos mais primários problemas, como o do saneamento ambiental.
A prefeitura é a administradora do local onde vivemos, mas é castigada na hora da divisão do bolo orçamentário, totalmente centralizado em Brasília.
Assim é que, nesses últimos quinze anos, quase nada foi realizado em obras definitivas para uma capital do século XXI.
Uma ponte sobre o Rio Cuiabá, duplicação de algumas avenidas, conclusão do asfaltamento da Miguel Sutil, a Avenida das Torres, construção de alguns prédios públicos, caiação de outros, e nada mais de importante.
O transporte coletivo atual de Cuiabá talvez seja o pior das capitais brasileiras.
Nota-se a ausência do poder público na capital nestes últimos anos com o aumento dos problemas sociais.
Percentualmente, estamos sempre bem classificados com relação à violência, uso de drogas, especialmente a cocaína e o crack, e o total abandono das nossas crianças e idosos.
Cuiabá é hoje uma cidade de poucos ricos, uma enorme classe média baixa e predominância de pobres.  
Não existe saúde pública na cidade e o ensino público é ruim.
A maior prova do que digo é que nossos políticos não frequentam os nossos hospitais e seus filhos estudam em escolas particulares.
A iniciativa privada é que se esforça para manter esta cidade viva, com suas indústrias, serviços e comércio.
Mesmo assim, iremos sediar a Copa do Mundo, o maior evento do planeta.
Iremos oferecer apenas, e com muito sacrifício, o mínimo que exige a FIFA: um campo de futebol e acesso ao mesmo, além dos Centros de Treinamentos.
Cuiabá tem que se esquecer desses últimos anos, onde ela foi muito judiada pelos nossos políticos - de cabo a rabo.
As obras da Copa arruínam, provisoriamente, um pedacinho da cidade. Relaciono a implosão do Verdão que, em seu lugar, está sendo construída a Arena, com as obras frequentemente desaceleradas por falta de pagamento.
O mesmo fenômeno acontece com relação à concretagem das trincheiras, viadutos e pontes. Algumas avenidas já estão recebendo o segundo recapeamento, como a Juliano Costa Marques.
Os vinte quilômetros do VLT ainda é uma miragem para a Copa, porém os buracos já foram realizados para demonstrar serviço.
Ah! Ia me esquecendo das obras do puxadinho do Aeroporto de Várzea Grande, que causa enormes sacrifícios aos usuários do transporte aéreo.
Sinceramente! Pontes, estádio de futebol - em uma cidade sem futebol -, trenzinho de luxo e melhoria na Avenida Miguel Sutil, são obras que, me parecem, não irão interferir na baixa autoestima do cuiabano. São obras para os olhos.
Nenhum exemplo de obras que irão melhorar, de fato, a qualidade de vida dos cuiabanos. Nada se fala sobre a construção de novos e necessários hospitais para, pelo menos, recuperar os mil leitos que perdemos nesses últimos anos.
Nada de projetos para melhorar a nossa educação básica e apagar a triste realidade do zero que levamos na avaliação da qualidade do nosso ensino superior e inovação tecnológica.
Os nossos artistas abandonados fazem filas para receber o dinheiro por serviços prestados.
Calote para quem vive o hoje é demais!
Os próximos anos de Cuiabá irão se definir nas eleições para prefeito.
O governante, para elevar a autoestima do cuiabano, tem que ter competência, muita humildade, poder de agregação, saber que não ganhou um presente, mas sim, uma penitência.
Com talento, sabedoria, e longe do populismo dos holofotes, deverá ser o mais transparente possível com os pagadores de impostos e empréstimos, para transformar a nossa capital em uma cidade da qual nos orgulhemos.
Cuiabá não suporta mais tantos anos de maus tratos!

Gabriel Novis Neves
28-09-2012

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