sexta-feira, 5 de outubro de 2012

NOTÍCIA RUIM


Uma noticiazinha escondida no jornal A Gazeta, informa que, por causa da Matriz de Responsabilidade da Copa do Mundo, a Policlínica do Verdão será desapropriada.
Nada mais importante para o eleitor conhecer a posição dos candidatos à prefeitura de Cuiabá sobre este assunto.
Até o momento em que escrevo este artigo, apenas um deles se manifestou. O assunto é de grande seriedade para uma cidade totalmente vulnerável na área do atendimento à saúde pública.
Isso demonstra que o planejamento das obras da Copa foi feito nas coxas, e que o governo do alinhamento político pouco está se importando com a saúde dos pobres.
Em um país civilizado, uma nova Policlínica estaria concluída e funcionando para, só então, se fazer a desapropriação pretendida.
Falar em compromissos com a saúde dos pobres, só mesmo na leitura dos textos do pessoal do marqueting para o horário eleitoral gratuito da televisão e rádio.
Teremos uma Copa com sacrifícios incomensuráveis da população pobre desta cidade, que está morrendo à míngua por falta de atendimento médico.
Diante de tanta tragédia na saúde pública da nossa cidade, onde os nossos doentes são tratados como prisioneiros de guerra, agora, para o grande público, estourou a notícia da privatização do nosso Hospital Universitário Júlio Muller.
A comunidade acadêmica que trabalha no hospital está revoltada por esse ato de violência do governo federal, que extermina a autonomia universitária em área tão prioritária que é a da saúde.
A justificativa oficial dos defensores de tal estupro na formação dos nossos futuros médicos é que tudo irá melhorar.
A semente da discórdia foi lançada com aplausos dos chapas brancas. Teremos duas classes de funcionários no hospital privatizado pelo governo federal.
Os antigos funcionários continuarão como servidores estatutários, com todas as vantagens do cargo.
Os novos professores e funcionários serão selecionados e trabalharão regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
Dois candidatos à prefeitura são médicos e se escondem para não comentar sobre esse assunto, que trará reflexos na formação dos nossos futuros médicos.
Segundo os entusiastas da tomada do poder pelo poder, que aceitam as mais sórdidas alianças, só falta agora o alinhamento para a privatização da nossa querida Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
Isso, no entanto, eu creio que jamais irá acontecer, pois os professores-doutores da ex-Universidade da Selva, jamais abririam mão da conquista da Constituição Federal de 1988, onde os professores e servidores celetistas foram transformados em estatutários.
Quem defende a privatização do hospital Julio Muller é servidor estatutário, com estabilidade assegurada e aposentadoria integral, e não, pelo miserável teto da CLT.
Pimenta nos olhos dos outro é refresco - lembro aos algozes da autonomia do nosso hospital de ensino.
Submissão tem limites, minha gente. De tanto se abaixar para as interferências de Brasília, o hospital formador de médicos corre o risco de expor os seus fundilhos.
O administrador público tem que estar preparado e desprendido de interesses menores para exercer essa função, correndo o risco de ter a sua imagem prejudicada.
Começamos mal o mês de outubro na debilitada área da saúde pública.
Vamos perder a Policlínica do Verdão e, por mal dos pecados, sofrer a intervenção desastrada no Hospital Julio Muller com a sua privatização.

Gabriel Novis Neves
02-10-2012

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