segunda-feira, 1 de outubro de 2012

SALÁRIOS


Sou a favor de salários dignos aos funcionários públicos, respeitando a isonomia dos poderes e os tetos constitucionais.
O servidor público tem que ser bem remunerado para responder com serviços de qualidade e não cair em tentação.
Sempre quando em função pública coloquei o que penso em execução.
Assim foi no Hospital Adauto Botelho em 1966, onde os servidores eram pessimamente remunerados. Começaram a ter participação no faturamento do hospital, e foi notória a transformação na qualidade do atendimento aos pacientes e a satisfação dos funcionários.
Na implantação da nossa Universidade Federal de Mato Grosso também tínhamos incentivos salariais aos servidores e professores.
Graças a essa medida conseguimos, em curto prazo de tempo, transformar em realidade o maior sonho das famílias mato-grossenses.
Entretanto, esses benefícios eram dentro da realidade brasileira e da ética com os outros poderes da República.
Estou com o computador ligado em um site local, onde se comenta o salário dos desembargadores, procuradores e defensores públicos.
Nada contra, não fosse o enorme fosso salarial existente entre os salários dos funcionários do poder executivo e dos outros poderes.
Se o governo reconhece o valor dos servidores do judiciário, nada como melhorar o salário dos professores universitários deste país. É gritante a falta de alinhamento entre os salários dos funcionários do governo.
Cada dia fica mais difícil motivar jovens para carreiras nas áreas da educação e saúde.
As próprias famílias sentem-se frustradas quando um filho escolhe a educação como profissão. O jovem sofre uma imensa pressão psicológica para abandonar essa ideia.
Não raro, após se formar, os pais lutam para que o filho consiga um emprego no Tribunal de Justiça, onde não precisará fazer três turnos de trabalho de professor para conseguir um salário de telefonista.
O curso de medicina é hoje procurado para formar jovens que pretendem ganhar dinheiro trabalhando na área do rejuvenescimento.
O mercado de trabalho não aceita - e não formamos mais - profissionais para as áreas básicas da saúde.
Em extinção está há algum tempo o médico generalista ou da família, o clínico geral, cirurgião geral, pediatra e o médico da mulher.
Formar após seis anos de estudos em medicina, fazer de três a cinco anos de residência médica, enfrentar um concurso público, para depois serem recompensados com um salário de pouco mais de um mil reais, é uma afronta à dignidade de quem estuda. 
Ninguém conseguirá resolver a situação dos servidores públicos, especialmente os do executivo.
Basta lembrar que o salário do governador do Estado é quase quatro vezes inferior ao de um desembargador.
Há Estados em que o salário de um desembargador chega a mais de cem mil reais.
E o teto do funcionalismo? Como e para quem funciona?
Como jamais haverá justiça no salário dos servidores públicos, apesar de pagarmos impostos absurdos para manter privilégios a alguns, continuaremos no ranking dos países com piores serviços prestados à população.
Os prejuízos produzidos por essa política irracional de ‘Matheus primeiro os meus’, propicia acúmulo de atrasos ao nosso desenvolvimento.
É incompreensível manter por meses todas as universidades públicas fechadas em um país de índices educacionais africanos.
E a nossa saúde pública sucateada. Isto só é possível na terra dos marajás.
“Difícil compreender como no vasto mundo falta espaço precisamente para os pequenos.” Carlos Drummond de Andrade.

Gabriel Novis Neves       
26-09-2012

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