Sou
a favor de salários dignos aos funcionários públicos, respeitando a isonomia
dos poderes e os tetos constitucionais.
O
servidor público tem que ser bem remunerado para responder com serviços de
qualidade e não cair em tentação.
Sempre
quando em função pública coloquei o que penso em execução.
Assim
foi no Hospital Adauto Botelho em 1966, onde os servidores eram pessimamente
remunerados. Começaram a ter participação no faturamento do hospital, e foi
notória a transformação na qualidade do atendimento aos pacientes e a
satisfação dos funcionários.
Na
implantação da nossa Universidade Federal de Mato Grosso também tínhamos
incentivos salariais aos servidores e professores.
Graças
a essa medida conseguimos, em curto prazo de tempo, transformar em realidade o
maior sonho das famílias mato-grossenses.
Entretanto,
esses benefícios eram dentro da realidade brasileira e da ética com os outros
poderes da República.
Estou
com o computador ligado em um site local, onde se comenta o salário dos
desembargadores, procuradores e defensores públicos.
Nada
contra, não fosse o enorme fosso salarial existente entre os salários dos
funcionários do poder executivo e dos outros poderes.
Se
o governo reconhece o valor dos servidores do judiciário, nada como melhorar o
salário dos professores universitários deste país. É gritante a falta de
alinhamento entre os salários dos funcionários do governo.
Cada
dia fica mais difícil motivar jovens para carreiras nas áreas da educação e
saúde.
As
próprias famílias sentem-se frustradas quando um filho escolhe a educação como
profissão. O jovem sofre uma imensa pressão psicológica para abandonar essa
ideia.
Não
raro, após se formar, os pais lutam para que o filho consiga um emprego no
Tribunal de Justiça, onde não precisará fazer três turnos de trabalho de
professor para conseguir um salário de telefonista.
O
curso de medicina é hoje procurado para formar jovens que pretendem ganhar
dinheiro trabalhando na área do rejuvenescimento.
O
mercado de trabalho não aceita - e não formamos mais - profissionais para as
áreas básicas da saúde.
Em
extinção está há algum tempo o médico generalista ou da família, o clínico
geral, cirurgião geral, pediatra e o médico da mulher.
Formar
após seis anos de estudos em medicina, fazer de três a cinco anos de residência
médica, enfrentar um concurso público, para depois serem recompensados com um
salário de pouco mais de um mil reais, é uma afronta à dignidade de quem
estuda.
Ninguém
conseguirá resolver a situação dos servidores públicos, especialmente os do
executivo.
Basta
lembrar que o salário do governador do Estado é quase quatro vezes inferior ao
de um desembargador.
Há
Estados em que o salário de um desembargador chega a mais de cem mil reais.
E
o teto do funcionalismo? Como e para quem funciona?
Como
jamais haverá justiça no salário dos servidores públicos, apesar de pagarmos
impostos absurdos para manter privilégios a alguns, continuaremos no ranking
dos países com piores serviços prestados à população.
Os
prejuízos produzidos por essa política irracional de ‘Matheus primeiro os
meus’, propicia acúmulo de atrasos ao nosso desenvolvimento.
É
incompreensível manter por meses todas as universidades públicas fechadas em um
país de índices educacionais africanos.
E
a nossa saúde pública sucateada. Isto só é possível na terra dos marajás.
“Difícil
compreender como no vasto mundo falta espaço precisamente para os pequenos.”
Carlos Drummond de Andrade.
Gabriel Novis
Neves
26-09-2012
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