Habituamos-nos
desde sempre a colocar rótulos nas pessoas.
Com
pouca frequência nos referimos a alguém como normal, até porque existe a crença
de que, de perto, ninguém o é.
Para
a grande maioria das sociedades organizadas, quanto maior o número de
reprimidos no seu conteúdo, maior a possibilidade dela se tornar perfeita para
o sistema.
Para
isso, diferentes técnicas subliminares são usadas desde a mais tenra idade,
sejam elas sociais, familiares ou religiosas, sempre com um mesmo
objetivo.
Isso
pode ser muito bem observado nos países nórdicos, ditos ultracivilizados, em
que o grau de repressão é de tal ordem, que os seus indivíduos, apenas se
alcoolizados ou sobre efeito de qualquer outra droga, conseguem mostrar a sua
verdadeira personalidade.
As
praias de Ibiza, muito frequentadas por esses povos, são uma grande fonte de
observação desses comportamentos tão absurdamente diferentes na chegada e ao
por de sol, em que as criaturas já se livraram de suas amarras.
Outra
experiência semelhante foi a estada em Copenhagen durante uma Copa Europeia,
por eles vencida.
Apenas
um fortíssimo esquema policial, conseguiu amenizar as cenas de extrema
violência nas ruas provocada pela enorme “alegria” de seus habitantes.
Isso
dá para sentir o perigo que o fechamento constante das válvulas da emoção pode
causar.
Com
relação aos compulsivos, aí estariam, provavelmente, dois terços da humanidade.
Práticas
repetitivas levadas às últimas consequências, algumas até muito úteis ao status
quo, como os desvairados na sua obsessão por trabalho e incapazes de curtir as
delícias do ócio criativo e, principalmente, sem culpa.
O
grande Bertrand Russel descreve isso muito bem numa de suas obras - O Elogio do
Lazer.
Seguem
as compulsões chamadas malditas, tais como a do jogo, a da bebida, a do cigarro
e até a mais invejada de todas, a do amor.
Claro
que todos esses prazeres, em graus extremos, se tornam extremamente nocivos aos
indivíduos e à sociedade como um todo.
Mas,
mesmo se usados como pequenos mimos são imediatamente rotulados como nefastos e
suscetíveis até de tratamento psiquiátrico.
Essa
é a sociedade em que vivemos. Que nega e culpa o Prazer.
Enfim,
uma linha bem tênue separa o equilíbrio emocional na vivência dos prazeres que
nos cercam das inúmeras patologias que esses mesmos excessos podem causar.
Os
animais irracionais, ao contrário, não precisam se reprimir, pois seus
instintos são normalmente aceitos pelo coletivo e, por essa mesma razão, não
sofrem de distúrbios psiquiátricos, a não ser quando por nós domesticados.
Gabriel Novis Neves
05-10-2012
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