A
menos de dois anos dos jogos da Copa, Cuiabá já aparece de cara prestes a ser
nova graças aos canteiros de obras em algumas avenidas da cidade e na Arena
Pantanal.
Quem
vê os custos dessas obras, especialmente as do VLT e Arena, tem a impressão que
neste Estado tudo corre às mil maravilhas.
Essas
obras são para os olhos, e não, para o coração da nossa população.
Esta
tem outras prioridades: uma educação de qualidade para seus filhos; saúde para
todos; segurança e malha viária para transportar as suas riquezas em igualdade
de competição com os outros Estados; a falência da corrupção sem controle e a
sua companheira, a impunidade.
A
situação dos municípios mato-grossenses é a mais crítica possível com o
abandono do governo estadual.
Repasses
para a saúde não são encaminhados, causando verdadeiro estado de terror aos
seus habitantes.
Escolas
estão dispensando os alunos por falta de merenda escolar.
A
má conservação das estradas faz com que o produtor, especialmente os de grãos,
perca milhões de reais com o escoamento de seus produtos até aos portos de
exportação.
A
segurança no Estado não existe por falta de recursos para contratação de
pessoal concursado, e a nossa dívida cada dia aumenta mais.
Únicos
setores que trabalham sem reclamação sobre os atrasos de repasses, são os
poderes Legislativo, Judiciário e Tribunal de Contas.
Dizem
que o Estado está tão endividado e pagando elevados juros, que a única
prioridade, no momento, é o pagamento do pessoal, inclusive os grevistas.
As
greves dos funcionários federais estão quase concluídas e, no Estado, pipocam
descontentamentos dos servidores, especialmente os da saúde.
O
Ministério Público é ignorado pelas autoridades executivas no seu dever
constitucional de obrigar o Estado a fazer os repasses legais.
A
falta de autoridade é tamanha, que os índios bloquearam as principais rodovias
do Estado e não vi nenhum político na área de conflito para negociar a
desocupação da estrada principal.
Houve
necessidade de uma intervenção federal para que o bloqueio fosse cessado.
Se Brasília não resolver, novas paralisações e prejuízos já estão
anunciados.
Enquanto
isso, a FIFA veio ver as nossas atrasadas obras faraônicas, e o Ronaldo
Fenômeno se espantou ao constatar que, das cidades sedes da Copa, Cuiabá ocupa
o último lugar entre os voluntários para trabalhar.
Preocupa-me
o legado que a Copa irá deixar para o interior do Estado.
Gabriel Novis Neves
13-09-2012
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