sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Legado da Copa


A menos de dois anos dos jogos da Copa, Cuiabá já aparece de cara prestes a ser nova graças aos canteiros de obras em algumas avenidas da cidade e na Arena Pantanal.
Quem vê os custos dessas obras, especialmente as do VLT e Arena, tem a impressão que neste Estado tudo corre às mil maravilhas.
Essas obras são para os olhos, e não, para o coração da nossa população.
Esta tem outras prioridades: uma educação de qualidade para seus filhos; saúde para todos; segurança e malha viária para transportar as suas riquezas em igualdade de competição com os outros Estados; a falência da corrupção sem controle e a sua companheira, a impunidade.
A situação dos municípios mato-grossenses é a mais crítica possível com o abandono do governo estadual.
Repasses para a saúde não são encaminhados, causando verdadeiro estado de terror aos seus habitantes.
Escolas estão dispensando os alunos por falta de merenda escolar.
A má conservação das estradas faz com que o produtor, especialmente os de grãos, perca milhões de reais com o escoamento de seus produtos até aos portos de exportação.
A segurança no Estado não existe por falta de recursos para contratação de pessoal concursado, e a nossa dívida cada dia aumenta mais.
Únicos setores que trabalham sem reclamação sobre os atrasos de repasses, são os poderes Legislativo, Judiciário e Tribunal de Contas.
Dizem que o Estado está tão endividado e pagando elevados juros, que a única prioridade, no momento, é o pagamento do pessoal, inclusive os grevistas.
As greves dos funcionários federais estão quase concluídas e, no Estado, pipocam descontentamentos dos servidores, especialmente os da saúde.
O Ministério Público é ignorado pelas autoridades executivas no seu dever constitucional de obrigar o Estado a fazer os repasses legais.
A falta de autoridade é tamanha, que os índios bloquearam as principais rodovias do Estado e não vi nenhum político na área de conflito para negociar a desocupação da estrada principal.
Houve necessidade de uma intervenção federal para que o bloqueio fosse cessado.  Se Brasília não resolver, novas paralisações e prejuízos já estão anunciados.
Enquanto isso, a FIFA veio ver as nossas atrasadas obras faraônicas, e o Ronaldo Fenômeno se espantou ao constatar que, das cidades sedes da Copa, Cuiabá ocupa o último lugar entre os voluntários para trabalhar.
Preocupa-me o legado que a Copa irá deixar para o interior do Estado.

Gabriel Novis Neves
13-09-2012

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