O nosso
modelo econômico proporciona-nos situações do mais fino humor. O “Deus” do capitalismo
é o consumismo desenfreado e o lucro.
É comum
pessoas dobrarem o colarinho da camisa que vestem para, só então, emitirem opinião
enaltecendo o produto usado, que não passa de um alimento à vaidade.
Se
for de grife chique e famosa, e consagrada pelo mercado consumidor, aí então o elogio
é farto.
Se
o inseguro bisbilhoteiro encontrar o selinho ‘Made in Osmar Cabral’, iremos escutar
somente reprovações e silêncio.
É assim
que funciona o chamado capitalismo selvagem, onde a beleza é proporcional ao valor
do objeto.
O caminho
da felicidade, para essas pessoas, é a grife.
No
período eleitoral existe um comportamento que merece uma atenção especial dos estudiosos.
Os
candidatos a cargos eletivos, na sua maioria, embora capitalistas e representantes
do poder econômico, se apresentam como filhos de pais pobres e analfabetos.
Cedo
começaram a trabalhar e, com honestidade e sacrifício, construíram o seu patrimônio.
Alguns tiveram oportunidade de estudar, e outros não.
Entraram
para a vida pública para ajudar ao próximo e, se hoje têm sucesso em seus negócios,
devem a sua estrela e competência. Se alguém duvida da sua evolução econômica vertical,
poderá consultar a Receita Federal aconselham de forma arrogante. Nunca vi nenhum
candidato declarar na televisão que é rico. Lembrando Joãozinho Trinta, pobre gosta
de rico. Quem gosta de pobre é intelectual, minoria entre nós, sem força política
para eleger ninguém.
Se um candidato apresentar um programa de governo dizendo que, se eleito, todas
as criancinhas nascidas em Cuiabá serão ricas, ele ganhará a eleição no primeiro
turno.
Depois
de eleito poderá dizer que é rico e nasceu em berço de ouro, ou ficou rico com os
excelentes negócios ‘lícitos’ que fez.
O brasileiro
se envergonha de dizer que é rico porque esse privilégio hoje está muito ligado
às atividades pouco éticas.
Ouço
certas pessoas dizerem, com a maior tranquilidade e cara de pau, que construíram
a sua fortuna ocupando, por poucos anos, um cargo público.
A parte
hilária dessas eleições, fora o engraçadíssimo programa eleitoral, é que o ex-tudo
agora se encontra no ostracismo. Aparece
diariamente na mídia batendo escanteio, cabeceando no gol e agarrando a bola indefensável.
É um
verdadeiro craque na arte de como ser visto para explicar sobre as suas virtudes
pessoais.
Afinal,
ele trabalhou dez anos e pode, perfeitamente, fazer o que gosta. Ninguém tem nada
a ver com isso – exceção feita àqueles que deixaram o rabo preso no seu portão.
O mundo
das etiquetas é fantástico para quem sabe distinguir uma etiqueta de um caráter.
Confesso
que sentirei saudades deste período eleitoral, onde os gatos são todos pardos.
Depois
é aquela “sem graceira” de abraços e beijinhos intermináveis, mas com etiqueta.
Gabriel Novis Neves
13-09-2012
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