Durante
mais de meio século de efetivo exercício profissional, uma das maiores
dificuldades que enfrentei foi o desafio de convencer portadores de conflitos
emocionais para que se submetessem a um tratamento especializado.
A
grande maioria não aceita essa orientação, e, pior que isto, em alguns casos,
rompe relações de amizade com o médico.
Em
outras patologias, certos pacientes até divulgam a sua doença. É o velho e
arraigado preconceito com relação às doenças da alma.
O
cérebro é o grande responsável por tudo que somos. Escrever artigos e
publicá-los é uma prova de sanidade mental, onde, despojados, seremos
analisados e julgados pelo nosso leitor no mais amplo sentido de julgamento.
Pela
escrita é possível, muitas vezes, também se conhecer o caráter do escritor, os
seus méritos e fraquezas.
É
tão importante a escrita que, para ser admitido em uma empresa privada, é
indispensável a análise de um pequeno texto escrito pelo candidato. É o
suficiente, tal uma radiografia, para especialistas fecharem um diagnóstico
psicológico.
Na
política esses cuidados básicos não são observados, e vemos criaturas em
posições importantes, totalmente inadequadas psicologicamente. A nossa
história, desde tempos coloniais, está repleta desses casos de mandantes sem
condições emocionais.
No
meu retiro voluntário, afastado há trinta anos da política partidária, observo,
com preocupação, a maldade humana.
Não
vejo ninguém ajudando esses homens públicos vitimados por esses processos
emocionais, mas que são possíveis de serem resolvidos pela medicina.
São
pessoas que estão em processo de sofrimento agudo, fazendo seus amigos sofrerem
também.
Apresentam
delírios de toda sorte, dentre os quais, os mais frequentes são os de grandeza
e de perseguição.
Acham
que são reis, imperadores, líderes, salvadores da pátria sofrendo perseguições.
As
alucinações chegam ao ponto de ler o pensamento alheio e ouvir insultos.
O
distúrbio de caráter, que é outro tipo de transtorno psicológico, não tem cura,
mas exige cuidados especiais para a proteção de terceiros e do próprio
paciente.
Nestes,
a agressividade está sempre presente, intercalada com momentos de doçura,
incompreensível ao leigo.
É
difícil fazer alguma coisa em benefício dessas pessoas, a não ser, pedir a
proteção divina.
Gabriel Novis Neves
10-09-2012
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