O
Partido dos Trabalhadores em Mato Grosso foi fundado dentro da Universidade
Federal de Mato Grosso (UFMT).
Lula,
e todas as atuais estrelas do ex-partido ético, perambularam pelos corredores
da matriz.
Era
impossível não ter simpatia por um partido cujo presidente era um jovem
metalúrgico aposentado por acidente de trabalho.
A
ética era a sua principal bandeira e o estatuto do partido a sua constituição.
Foi
assim que o PT, que pregava eleições diretas para presidente da República, não
votou em Tancredo Neves no Colégio Eleitoral.
Foi
assim que o PT não assinou a Constituição Cidadã do Doutor Ulisses Guimarães.
O
PT era um partido intransigente com os seus princípios estatutários.
Combatia,
sem concessões, a corrupção, a impunidade, o fisiologismo e o nepotismo.
Defendia
a oportunidade para todos, liberdade de expressão e a ideologia socialista
trabalhista.
A
educação era a estrada para um Estado mais justo.
Para
ingressar como militante no Partido dos Trabalhadores era necessário ter o
currículo aprovado pelo rigoroso Conselho de Ética.
Certa
ocasião, a ex-prefeita de São Paulo pelo PT, Luiza Erundina, foi convidada para
exercer um cargo de ministra em um governo adversário do PT.
O
Conselho de Ética do partido não aprovou a sua intenção.
Em
2003, o PT de Mato Grosso era oposição ao governo do Estado.
Quando
fui nomeado Secretário da Saúde do Estado convidei o Lúdio Cabral para assumir
o cargo mais importante na secretaria, que era cuidar da Atenção Básica da
Saúde.
Quando
saiu a nomeação, do agora candidato a prefeito de Cuiabá, o diretório do PT se
reuniu e colocou a faca no pescoço do meu colega e amigo competente: “ou você
fica no PT ou vai servir ao Estado onde somos oposição”.
Meu
ex-aluno optou por servir ao seu Estado de adoção. Foi-lhe dado um prazo para
que pedisse demissão.
A
sorte do Lúdio, foi que, com 23 dias de exercício do cargo, pedi demissão
e encerrei a minha carreira de serviçal público.
A
publicação do ato da minha exoneração no Diário Oficial saiu junto a do Lúdio.
Enquanto
o PT foi ético, e era o partido das grandes cidades, Lula foi derrotado três
vezes para presidente da República.
Quando
convidado para ser candidato pela quarta vez consecutiva, disse que aceitaria
só se fosse para ganhar.
Neste
momento os escrúpulos foram enterrados, e Zé Dirceu, aliado ao Duda Mendonça, o
elegeram presidente.
Dirceu,
montando o esquema que agora estourou. Duda Mendonça, o transformando em paz e
amor.
Lula
ganhou a eleição e governou com os seus maiores adversários políticos. Fez uma
verdadeira miscelânea política, a qual batizou de base de sustentação política
do governo.
Como
exemplo, entregou o Banco Central a um banqueiro internacional e deputado federal
pelo PSDB, dando-lhe toda a autonomia.
Cooptou
uma base de apoio no Congresso Nacional a troco da ‘merenda’.
Esse
sistema abandonava a ideologia e nivelava o PT aos demais partidos que lutavam
pelo poder apenas pelo poder.
Essa
montagem funcionou até o deputado aliado Roberto Jéferson abrir a sua caixa de
ferramentas na Câmara dos Deputados.
Surge
a CPI do mensalão, cuja conclusão está sendo julgada no Supremo Tribunal
Federal (STF).
Zé
Dirceu e Roberto Jéferson foram cassados pela Câmara dos Deputados, com perda
dos seus direitos políticos.
O
PT nivelou-se aos outros partidos, e hoje luta apenas pelo poder, utilizando os
métodos que outrora condenava.
Situação
difícil para os velhos companheiros!
Vejam
a situação de Cuiabá. O bom candidato do PT a prefeito é visceralmente
contrário à política do governo do Estado com relação à saúde pública.
O seu
maior cabo eleitoral, que é o governador do Estado, privatizou a Saúde Pública.
Agora,
surge para comandar a sua campanha, e aparecer na mídia, o ex-secretário das
políticas que o Lúdio sempre combateu.
Diante
desses fatos, ficou claro que o PT sofreu mudanças radicais, para pior.
Gabriel Novis Neves
24-09-2012
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