terça-feira, 25 de setembro de 2012

ESPERTEZA


Acontecem coisas em Mato Grosso que até Deus duvida. A última delas é que conseguimos passar a perna no governo federal com relação à parte das nossas dívidas.
Antes, nunca ninguém neste país tinha pensado nessa possibilidade.
Pois bem. O nosso governador foi aos Estados Unidos, contraiu novo empréstimo em dólares, pagou o restante de um pacote de dívidas ao governo federal, e ainda ficou com direito a dois anos de carência para começar o pagamento ao banco americano.
Nesse período, terá o caixa do tesouro do Estado engordado com o dinheiro do empréstimo que iria pagar e, o mais importante é que, quando voltar a pagar a dívida ao banco americano, ele não será mais governador.
Esse dinheiro, com certeza, será investido em obras políticas para pavimentar a sua eleição para o Senado Federal.
Julgo ser um risco contrair dívidas em dólares em um momento de crise mundial e eleições americanas.
Banqueiros não costumam entrar em disputa de bola dividida. Sempre lucram e trabalham com informações privilegiadas.
É mais fácil dar trambique no governo federal do que em banco estrangeiro.
Sabemos pela imprensa que o nosso governo vendeu dívidas que tínhamos com juros altos para o banco.
Com certeza, garantias foram dadas para esta transação, só não temos ideia de quais. O governo brasileiro e o Senado Federal estão cientes do negócio e autorizaram o empréstimo bancário.
O nosso governo demonstrou esperteza nessa chamada renegociação da dívida.
Conseguimos juros mais baixos que os cobrados pelo nosso governo federal com um, porém: a dívida foi dolarizada.
Como o dólar é o dobro do real, não entendi essa história de abatimento.
Diariamente, através da imprensa ficamos sabendo dos bons negócios que o governo estadual realiza com bancos internacionais e nacionais, não contando com os recursos federais que tem aportado com abundância no tesouro do Estado.
Ando desconfiado que esses sucessos financeiros servem apenas para justificar as caríssimas viagens internacionais.
Na prática o que vemos são sinais de falta de dinheiro.
Falta financiamento para a saúde pública, repercutindo no repasse de recursos para os municípios mato-grossenses.
O plano de saúde dos servidores do Estado faliu, deixando cerca de cinquenta mil famílias sem cobertura do MTSaúde, e inúmeros prestadores de serviços sem receber o que tinham direito.
Após licitação, as obras do VLT foram suspensas pela Justiça Federal, sob a alegação de irregularidades no contrato.
As obras do puxadinho do aeroporto estão paralisadas por ordem do governo federal até segunda ordem.
O Verdão trabalha por etapas por falta de pagamento das medições.
A Avenida Miguel Sutil está toda esburacada, aguardando concretagem, o que não é feito por falta de pagamentos.
Enfim, não sou economista, tampouco político para traduzir essas espertezas.

Gabriel Novis Neves
19-09-2012

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