Quem
de longe acompanha a política brasileira, só tem razões para acreditar em
Lavoisier: “Nada se perde, tudo se transforma”.
Em
1964 houve um forte movimento para a queda do presidente constitucional do
Brasil, João Goulart.
Na
linha de frente do combate estavam praticamente toda a grande imprensa
brasileira, empresários, a igreja católica dominante, o movimento das mulheres
e parte da população brasileira.
A
justificativa para arrancar o carismático Jango Goulart do poder, era que ele
iria implantar no Brasil o comunismo com Brizola, Arraes, Julião, Darcy
Ribeiro, artistas, intelectuais e estudantes.
Quando
a Marcha da Família desfilou, as Forças Armadas, cujo chefe supremo é o
presidente do Brasil, bandeou contra Jango, alegando quebra de hierarquia
militar.
Todo
mundo já conhece o resto da história. Durante 21 anos (1964-1985) tivemos os
militares no poder. A Constituição Brasileira foi rasgada e remendada inúmeras
vezes.
Em
1965 tivemos eleições para governadores dos Estados, ainda com os partidos
políticos existentes, porém enxutos dos seus maiores líderes pela cassação dos
seus mandatos.
As
vitórias de Negrão de Lima na Guanabara e Israel Pinheiro em Minas Gerais
soaram ao Comando Militar, como uma vitória de JK.
Em
Mato Grosso, Pedro Pedrossian também não era o preferido dos militares.
Foi
demais para os golpistas esses resultados eleitorais. Em 1966, os partidos
políticos foram extintos. Surge então o partido de apoio integral ao governo -
Arena. O da oposição era o MDB, cujo primeiro presidente foi um obscuro senador
acreano, o general do exército Oscar Passos.
A
eleição dos governadores passa a ser realizada pelo Comando da Revolução.
Em
1974, o governo dos militares é surpreendido com a eleição de 16 senadores do
MDB, e apenas seis da Arena.
Foi
criada então a figura esdrúxula do senador biônico, cuja escolha era do Comando
Revolucionário e constituía um terço do senado federal.
Os
outros eram eleitos pelo voto direto. Foi criado também, para as eleições de
1982, o voto vinculado.
O
eleitor era obrigado a votar nos candidatos de um mesmo partido.
A
justificativa dos militares era que, elegendo o governador, senador, deputado
federal e estadual todos do mesmo partido, os problemas seriam resolvidos mais
rapidamente.
Era
o alinhamento político criado pelos militares. Um ato de autoritarismo, próprio
dos regimes de força. Típico de ditaduras.
O
brasileiro, no seu inesgotável bom humor, driblou essa arbitrariedade com o
voto camarão.
Cortava-se
a cabeça do comandante da chapa, no caso o governador, e votava-se em alguém
com condições de enfrentar o sistema.
Com
essa manobra, muitos candidatos a governador, agora do PMDB, ganharam do seu
rival, o PDS.
É
então implantada a democracia (!) em nosso país, com o pluri-multi-partidarismo.
Os
anos se passaram com traumas. Morte do Tancredo. Posse do presidente da ARENA,
com prorrogação do seu desastrado governo. Eleição e cassação do Collor, com
ascensão do Itamar. Eleição do FHC com emenda constitucional possibilitando a
sua reeleição e seu efeito cascata para governadores e prefeitos.
Pois
não é que o governo atual - que se diz oposição ao governo dos militares -
ressuscitou a tese do alinhamento político para ganhar o maior número de
eleições municipais?
O
pior é que o escolhido para a função de convencimento da tese do alinhamento em
Cuiabá foi o ministro campineiro da Saúde, cujo trabalho foi colaborar no
fechamento dos poucos hospitais regionais existentes no Estado.
Deixou
nu, ou de saia justa, o governador que se diz alinhado. A saúde em Cuiabá está
péssima porque o prefeito atual não está alinhado.
Ninguém
admira e conhece o Lúdio como eu. A esta altura, ele que enfrentou o
autoritarismo do seu partido para me ajudar na secretaria de saúde do Estado,
não sabe onde meter a cara.
Lúdio
não é prepotente e, tampouco, precisa de artifícios militares para ganhar a
eleição em Cuiabá.
Alinhamento
político transmite desespero de perdedores e autoritarismo ditatorial.
Lúdio
não merecia esse slogan autoritário para a sua campanha, que é o tal de
alinhamento.
Gabriel Novis Neves
07-09-2012
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