sexta-feira, 22 de julho de 2011

Uma semana de fisioterapia

Após a minha queda na calçada, sinto que as ripas das duas costelas quebradas ainda não soldaram.

Qualquer movimento que faça, aparece aquela dorzinha, anunciando a falta de colagem. Fratura de costela, sem complicação, só o tempo cura. E, nessas ocasiões, como ele anda devagar!

O pior foi o trauma do tendão da mão esquerda.

Estou com a área afetada imobilizada e faço fisioterapia diária, sem prognóstico de alta. A professora explicou-me que a primeira etapa do tratamento consistia na aplicação de ultrassom, choquinhos no tendão edemaciado e doloroso e hidromassagem na mão.

Não tenho a mínima ideia de quando irei para a segunda etapa do tratamento, que é a recuperação da atrofiada massa muscular.

Com tempo disponível durante o tratamento e para ajudar a passar o tempo, procurei ler. Mas as revistas que estavam à minha disposição eram velhas e danificadas. Além de serem basicamente de propagandas.

Lembrei-me do meu celular, e resolvi fotografar o meu tratamento.

Enviei as imagens aos amigos da padaria que, até então, tinham dúvidas sobre as minhas queixas. O mais otimista me disse que, após qualquer queda, na mudança da lua iria me lembrar do acidente.

Implicaram com a foto da hidromassagem. Analisaram bem as imagens e, com aquela maldade típica de qualquer fuxiqueiro, concluíram que o recipiente onde minha mão estava mergulhada, era muito semelhante às banheiras de motel.

Como nunca tinha ido a esses estranhos lugares, e movido pela curiosidade, fui a um deles para conhecer a tal banheira - parecida com um tanque de fisioterapia. Logo que entrei no quarto o telefone tocou. Levei um susto. Quem seria? Ninguém sabia que eu estava lá. Mas, era a recepcionista querendo saber se eu queria alguém para me ajudar a abrir as torneiras da banheira.

Perguntei como ela sabia que eu estava ali para testar a banheira. “Pela mão na tala e pela sua idade” – respondeu ela. E continuou: “é frequente velhos lesionados tentarem a cura nas banheiras de hidromassagem.”

Agradeci a informação e aceitei o auxílio. Após duas horas no motel, retornei para casa com a certeza da existência da banheira para hidromassagem e com o compromisso de voltar no outro dia para testar os seus efeitos terapêuticos.

Alguém de extremo mau gosto me disse que o ultrassom na mão era para afastar a possibilidade de uma gravidez ectópica.

Não faltou um engraçadinho para me dizer que eu fazia os choquinhos elétricos no tendão por motivo de economia. Como não entendi a piada, ele explicou: “esse tratamento tem a cobertura do seu plano de saúde e, na falta de dinheiro, substituía os caríssimos comprimidos azuis.”

Fiquei corado em ouvir tanta barbaridade! Já devia estar acostumado com esse pessoal que tem o DNA da maldade. Eles não respeitam ninguém. Nem idade, nem sofrimento físico.

Os nossos fuxiqueiros não são solidários no sofrimento. Aliás, não são solidários com nada.

Gabriel Novis Neves

09-07-2011

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