Ando tão nauseado de escrever sobre o cotidiano das nossas mazelas, que gostaria de voltar a escrever sobre as rosas.
Não dá mais para, pacificamente, ouvir aqueles senhores amadurecidos invadindo a nossa casa pela televisão.
Com bom conceito produzido pelos marqueteiros na população mais distraída - ripam o pau naquilo que eles mesmos destruíram, ou não construíram, quando, por longo tempo, estiveram com a faca e o queijo do poder em suas mãos.
Isso serve de mau exemplo ao jovem e ao exercício da cidadania.
Assassinos das nossas esperanças, depois de desmamados do poder executivo - que é o perseguido por quase todos os nossos congressistas - aparecem como apóstolos fazedores de milagres.
Geralmente esses estadistas, que sabiam de tudo, nada fizeram durante os seus reinados para melhorar a vida dos seus súditos e, agora, se apresentam para nos dar aulas de como salvar o nosso paciente, que é a nação onde vivemos.
Ou estou totalmente vivendo no mundo da lua, tendo alucinações visuais e auditivas, ou estou diante do milagroso apóstolo.
Alzheimer jamais me pegará, segundo informa o meu DNA. Graças a Deus nasci sem o alelo 33, causador da Doença do Alemão, aquela em que as pessoas esquecem-se de tudo.
Confessar erros cometidos, especialmente em política, não é sinal de fraqueza, e sim de maturidade, respeito e educação.
O melhor exemplo foi dado recentemente pela presidente, em carta ao ex-presidente FHC, por ocasião dos 80 anos do professor.
Essa, sim, foi uma aula que recebi com alegria em minha casa e tem um nome: civilidade.
Foi uma exceção diante de tudo que tenho lido, ouvido e visto - uma verdadeira vergonha, em que poucas autoridades se salvam.
Vivemos num país, em que a Polícia Federal tem mais projetos em execução, que obras da Copa do Mundo, que segundo o deputado Romário, só Jesus Cristo poderá salvá-la.
Dona Zica, companheira do poeta Cartola, um dia o flagrou conversando com uma rosa. Repreendeu-o dizendo ao compositor que rosas não falam.
O mestre respondeu que realmente elas não falavam, mas exalavam o perfume que vinha da sua amada.
Mas as ruas falam, senhores políticos, e exalam o descontentamento da sua gente.
As nossas ruas estão gritando contra a improbidade e a impunidade, mãe de todas as nossas doenças sociais.
Gabriel Novis Neves
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