Tanto a resolver, e este paízinho coloca como prioridade nacional interesses pessoais de grupos, deixando em plano inferior uma questão tão séria como o problema das drogas.
É constrangedor constatar a presença de certos políticos em seminários, congressos e reuniões, para decidirem sobre a liberação oficial da plantação da maconha e a importação da cocaína.
A justiça brasileira, tão atarefada, também furou a fila para participar dessa discussão.
A sociedade “organizada” promoveu extensa mobilização, culminando com um monstruoso desfile na Avenida Paulista a favor da erva.
Esse movimento contou com a presença de políticos importantes, que procuram votos para a próxima eleição e até de velhos chefes aposentados.
Dizem os marqueteiros, que é politicamente correto lutar para que o Brasil se transforme rapidamente no país também dos drogados.
Já conquistamos o troféu de país dos aloprados, sanguessugas, mensalão, mensalinho e outros tantos, que só o Google para não esquecer nossa classificação em educação, aprovação no exame da OAB, saúde, etc.
Não me recordo de, além da Marcha pela Família para derrubar o governo de Jango, algo a favor do ensino fundamental, saúde para os pobres, justiça para todos e, principalmente, um gigante movimento contra a corrupção que tomou conta dessa nação.
Isso ninguém sabe, ninguém viu, e os ladrões continuam desfilando impunemente pelos gabinetes do poder.
Somos o país da corrupção e, em breve, dos drogados.
Assisti a uma palestra sobre educação. O governo federal pretende investir gigantescos recursos materiais e humanos no ensino médio.
Acontece que menos de 40% das nossas crianças chegam lá e, quando chegam, a taxa de evasão escolar é alarmante.
Por isso, o futuro país dos drogados, percentualmente, possui um dos menores indicadores em alunos no ensino superior, aguardando o seu diploma, na maioria das vezes, de analfabetos funcionais - criação nossa.
Esses problemas afetam a nossa soberania, pois um país sem educação, ciência, cultura e tecnologia está condenado a ser escravo daqueles que investiram corretamente em educação.
Isso não dá passeata e "o ignorante agora já chega avançando", na opinião do ministro da Defesa do Brasil.
Estão discutindo drogas, esquecendo-se simplesmente do drogado. A droga só existe onde há drogado. Essa conversa tem que ser invertida e o governo, políticos e intelectuais que querem ficar na foto como politicamente corretos precisam tomar um banho de antidrogas e de sinceridade.
Gente, vamos cuidar do usuário que precisa de assistência médica e que lhe é negada.
O nosso Estado, com três milhões de habitantes, não tem em seus quadros mais de trinta psiquiatras, sendo que 70% estão em Cuiabá, cidade sem um Centro de Recuperação de Dependentes Químicos.
Nem projeto existe para a construção de, pelo menos um, para atender todo o Estado. Em compensação, foram lançados editais para construção de três novos e enormes presídios.
Os futuros hóspedes desses hotéis caríssimos serão os dependentes químicos que não têm onde se tratar e vão, inconscientemente, para o crime.
O tratamento de um dependente químico - que é um doente e não criminoso e vai ao crime levado por falta de tratamento - custa um décimo dos gastos com a repressão.
Nossas autoridades querem o circo, com as famosas operações policiais e com a cobertura exclusiva da TV.
Prendem os doentes e incensam de honrarias os responsáveis pela tragédia, mãos abertas em financiamentos de campanhas eleitorais.
O brasileiro tem em seu DNA rejeição pela prevenção, adoramos a repressão!
Uma delegação nossa está na Rússia, comprando armas para a repressão na fronteira com a Bolívia para impedir a entrada das drogas em Mato Grosso e da saída de carros roubados para lá.
Repressão é igual dieta - ninguém consegue fazer a vida toda.
No caso das drogas, autoridades, o caminho correto é tratar dos consumidores desses produtos. Se eles ficarem curados, a droga não virá mais para cá.
Mais uma vez, estamos caminhando na contramão.
Que droga!
Gabriel Novis Neves
Concordo com tudo! Parabéns pelo artigo. Vamos continuar torcendo - e falando alto - para ver se os adormecidos acordam. Abs
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